– Como escolher um amigo?

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Sem querer tirar o crédito do destino, podemos dizer que escolhemos a pessoa com quem vamos nos casar – está certo que nem sempre escolhemos bem, mas, escolhemos. Já com os amigos, podemos dizer a mesma coisa? A escolha de um namorado ou namorada é precedida de alguns pré-requisitos, como altura, cor do cabelo, tipo físico, escolaridade, profissão, tipo de personalidade etc. É claro que às vezes namoramos alguém que não tem nada a ver com aquilo que gostamos e, em alguns casos, pode até dar certo, mas, geralmente, escolhemos baseados em nossos valores e idealizações. Já com um amigo, não é assim. A gente não diz que quer um amigo loiro, de 1,80m, formado em engenharia ou uma amiga mignon, de cabelos compridos, que adore crianças e queira muito ter filhos. Os amigos simplesmente acontecem, eles entram na nossa vida de maneira imperceptível, vão se instalando, vão ficando e as afinidades vão se delineando, os laços se estreitando e, quando se vê, a gente tem um pacto de vida, uma união de alma com aquela pessoa, seja ela como for.
Ao longo da vida, conhecemos muita gente, fazemos muitas amizades, mas, a maioria é fugaz, passageira, amigo mesmo, aquele que diz o que a gente precisa ouvir, com quem nós sempre podemos contar, que nos empresta dinheiro e nos pede dinheiro emprestado, que divide conosco os seus segredos e com quem dividimos os nossos e que muitas vezes parecem nos conhecer melhor que nós mesmos, esses são poucos. Dá pra contar nos dedos das mãos, às vezes de uma só mão. Eu ainda uso as duas nessa contagem, embora sobrem dedos. Alguns desses amigos já estão na minha vida há mais de 40 anos, outros há menos tempo, mas ocupam o mesmo lugar de destaque e são pessoas que me acompanharão a vida toda e além. “Ao infinito e além!”, como dizia o emblemático Buzz Lightyear, em Toy Story. São pessoas que conhecem partes de mim que não estão “abertas ao público”, partes boas e partes ruins, partes que aprecio e partes que não louvo.
Hoje moro numa cidade que conheci há apenas dois anos e não tenho amigos aqui. Tinha no trabalho algumas relações que poderiam evoluir para a amizade, mas, como parei de trabalhar, essas relações se romperam sem ultrapassar a barreira da polidez e da formalidade. Meus grandes amigos estão em Monte Alto e em São Paulo. Um entre eles é cidadão dos ares. Por ser comissário de bordo, está sempre sobre asas e não tem parada certa, embora mantenha um local como endereço postal. Outra, já voa com asas próprias, pelos jardins do céu. Mas todos estão tão perto, tão dentro e tão em volta de mim, uma vez que estou dentro deles também… Sinto falta de ter, aqui em Mogi Guaçu, alguém nessa categoria de amigo, alguém pra tomar um chá, um chop ou uma chuva junto. Alguém pra falar asneiras ou pra discutir o assunto mais importante do universo, alguém que me olhe e me veja e que eu também consiga olhar e ver. Entendam, isso não é uma lamentação, apenas uma constatação, afinal, embora Richard Bach afirme magnificamente num livro sobre amizade que “longe é um lugar que não existe”, como não ando sobre asas de aço ou sob asas de anjo, Monte Alto e São Paulo são locais longe o suficiente, e isso me faz sentir uma infinita saudade, porque um e-mail, um whatsapp ou mesmo um telefonema nunca serão capazes de substituir um abraço, um aconchego, , um cafezinho coado na hora, um olho no olho.
Esses dias recebi uma mensagem de um amigo que muito me emocionou por relembrar um dia em que ouvíamos uma música e ele me perguntou quem cantava e eu respondi, displicente. Eu jamais me lembraria desse fato, de anos e anos atrás, mas, ao ouvir a música, ele se lembrou, certamente não apenas pela beleza dela, mas pelo significado que teve o meu jeito de falar, a entonação de minha voz, ou algo assim que o marcou, que eternizou aquele momento para ele. Contando isso, ele me escreveu: “Me lembro de te perguntar quem cantava essa música e sem que olhasse pra mim, me respondeu – Placido Domingo… e se chama “Perhaps Love”. Havia tanta coisa que eu não me atentava, tantas nuances que escapavam do meu olhar cru… hoje sei que você não estava ouvindo a música, você a estava sentindo e isso exigia sensibilidade, ou melhor dizer intimidade com a experiência. Viver algo significa abandonar o mundo das teorias e embarcar numa viagem sem mapa rumo ao horizonte, o qual insiste teimosamente em se distanciar cada vez que chegamos perto. De tudo o que a vida nos oferece, ouso dizer que o tempo é o que há de mais valioso.”.
Isso pode parecer apenas um apanhado de frases bonitas escritas por alguém que domina o idioma, mas, para mim, significam muito, pois na época em que ocorreu isso, esse amigo era apenas um menino, alguém para quem eu era uma espécie de ídolo e ele bebia avidamente das minhas palavras. Convivemos o suficiente para ele conhecer de mim bem mais que a “sensibilidade para ter intimidade com a experiência”, como ele diz, mas conhecer também muitas das minhas limitações e fraquezas, como eu conheci as dele, à medida que crescia, até alçar voo, mas, o que importa são essas pequenas pérolas que se eternizaram, a importância que tive e terei sempre na vida dele e ele na minha. O interessante é que essa mesma música me remete a Monte Alto, à minha grande e querida amiga Natalina Collatrelli, pois foi na casa dela, em Uberlândia, há dezenas de anos, que ouvi essa canção pela primeira vez e também me lembro exatamente como foi, numa manhã ensolarada e linda, quando ela nos preparava o café da manhã, com sua linda bebezinha brincando no tapete da sala, e me dizia o quanto aquela música a fazia se lembrar de mim.
A quem lê os meus artigos, pode até parecer que falo excessivamente de mim, que não tenho a imparcialidade de um jornalista e eu respondo que não mais mesmo, já tive essa imparcialidade quando fui repórter, quando fui redatora, hoje sou apenas uma cronista e não há uma só vez que eu fale de mim que não esteja falando de vocês, de cada um de vocês que me leem, porque a nossa experiência humana é repleta de similitudes e são esses pequenos acontecimentos, aparentemente tão sem importância, que constroem as conexões necessárias para atravessarmos a vida, o que não conseguiríamos fazer sem essa ponte chamada amigo.

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