A Saúde Emocional dos adolescentes e o índice de suicídio entre os jovens

2 de outubro de 2020

A formação da identidade, isto é, nossa própria forma de pensar, agir e ser acontece a partir de nossa vivência com a sociedade na qual estamos inseridos.
Na infância, estão as bases de nosso desenvolvimento como um tudo, do reconhecimento de quem somos e dos comportamentos apreendidos a partir de nosso núcleo familiar e do ambiente em que somos educados e começamos a nos desenvolver.
Na adolescência, a criação da identidade se intensifica e, juntamente com todas as mudanças orgânicas – como a revolução hormonal – promovem uma série de reações emocionais que caracterizam e explicam o comportamento adolescente.
Na questão orgânica, ou seja, nas mudanças que envolvem as alterações do funcionamento do próprio corpo e do cérebro, acontece uma grande alteração de estruturas fundamentais, como o crescimento cerebral e o aumento das conexões neuronais.
Neste processo de amadurecimento das funções cerebrais, as últimas áreas a se desenvolverem são justamente as que respondem pelo controle dos impulsos e o centro de comando das emoções.
As reações impetuosas e as escolhas – nem sempre coerentes – que são características dos adolescentes e de seu temperamento instável estão ligadas a este processo de maturação.
Ao mesmo tempo, está fase do desenvolvimento promove também conexões mais rápidas (o sistema nervoso ainda tem a flexibilidade da infância) o que significa grande capacidade para novos aprendizados e também uma grande dificuldade em conter a impulsividade.
O ambiente familiar, o grupo de convívio social, pessoas importantes e coerentes que estejam sempre por perto para dosar e ajudar a equilibrar esta série de reações impulsivas é essencial para acompanhar nossos jovens nesta fase.
A adolescência é uma fase de crises e conflitos considerados normais. Os jovens experimentam uma consciência de sua própria existência – que é a base do autoconhecimento- e é justamente este processo que o leva a buscar um sentido para sua identidade: quem e como ele quer ser.
Por isto, jovens se identificam e buscam o convívio em grupos: é assim que eles experimentam e vivenciam diversos papéis, formas de falar e atuar, ideias, objetivos e tipos de relacionamentos, por exemplo. A identidade vai se formando a partir das experiências compartilhadas.
Todo este processo de busca pela identidade pessoal promove uma sensação interna de muitas dúvidas e sofrimento para o jovem. É aqui que muitos casos de transtornos emocionais surgem ou pioram, pois, juntamos uma difícil fase do desenvolvimento humano com um índice alarmante de problemas psicológicos que acabam por levar a comportamentos tão discutidos como a automutilação e as tentativas de suicídio.
Hoje, no mundo todo, o suicídio é a segunda causa de mortes entre jovens de 15 a 24 anos. E a prevenção é a melhor forma que temos de reverter isto. A prevenção se inicia na infância e a atenção deve ser redobrada na adolescência.
É preciso oferecer uma rede de apoio para nossos jovens e desenvolvermos um olhar atento aos possíveis sinais de alerta, como alterações de comportamentos, falas depressivas, falta de ânimo ou mesmo de interesse por qualquer coisa, isolamento, comportamentos como se cortar ou se machucar propositalmente.
É muito mais difícil para o adolescente entender e lidar com as frustrações da vida. E, muitas vezes, estes mesmos adolescentes tiveram, e ainda tem, dificuldades em aceitar e entender os limites e as regras O não ter ou o não poder fazer, a capacidade de lidar com as perdas e as frustrações naturais que tanto enfatizamos ser importante na educação de nossas crianças.
Por isto, reforçamos: a atenção ao desenvolvimento e a saúde emocional de nossas crianças e adolescentes é necessário. Imprescindível. Tanto quanto cuidar da saúde física, levar ao médico, tomar vacina.
Na dúvida, se informe. Procure orientação. Busque ajuda.
Crescer é mesmo um processo difícil e doloroso. Educar, também. Fica o convite: vamos cuidar mais da saúde mental de nossas crianças e adolescentes?!