Praticam-se esportes, trabalham-se, circulam-se, divertem-se e a escola municipal continua fechada. O peso que teremos de toda esta demora – mesmo não sabendo o real motivo de continuarem fechadas – é o atraso educacional que crianças e adolescentes terão em curto prazo. Calma, não estou atirando pedras. Quero apenas mostrar a realidade com base em estudos. Da mesma forma que lutamos por direitos, temos que dar o direito à criança – que não tem voz – a lutar pela escola. Se não voltarmos neste ano, estaremos cometendo um crime contra a infância. Não dá mais para adiar o acesso a educação. O atraso sempre nos assombrou, entretanto, agora, ainda mais. Os alunos estão perdendo um tempo que não volta mais. Professores estão esgotados por ficarem gravando e regravando seus incontáveis vídeos de poucos minutos que demoram horas para serem produzidos. Comparado a outros países, o Brasil foi o país que deixou escolas fechadas por mais tempo em relação a outros.
Dados do Inep revelam que a média no país foi de 279 dias de suspensão de atividades presenciais durante o ano letivo de 2020, entre escolas públicas e privadas. O monitoramento global do fechamento de escolas causado pelo coronavírus, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), mostram que Chile e Argentina registraram 199 dias sem atividades presenciais entre 11 de março de 2020 e 2 de fevereiro de 2021. No México, foram 180 dias de paralisação; o Canadá teve 163 dias de aulas presenciais suspensas. França e Portugal contabilizaram menos de um trimestre sem aulas presenciais, com a suspensão de 43 e 67 dias, respectivamente. A discrepância é enorme. Tudo bem que não dá para comparar a imensidão do nosso país em relação aos citados anteriormente, todavia falta planejamento e investimento para que se retomem as aulas de um modo consciente. Antes, a volta não se dava porque não havia vacina; hoje, temos no total 43.574 pessoas vacinadas entre primeira, segunda e doses únicas, segundo o boletim oficial da covid-19 do dia 03 de agosto. Qual é o problema real das escolas municipais permanecerem fechadas? Se estamos seguindo e acreditando na ciência, os dados, ultimamente, têm sido positivos, mas as atitude em relação a educação não estão acompanhando o bom momento para que as aulas sejam retomadas. Falta planejamento? Talvez. Sei apenas das consequências que teremos lá na frente. Quero ver se haverá tanta verba (e tempo) para lidar com todo este atraso.
Eduardo Costa é formado em Letras/Inglês pela faculdade de Educação São Luís de Jaboticabal, onde também cursou pós-graduação em Língua Portuguesa. Músico, compositor, poeta e escritor, exerce sua profissão lecionando nas escolas do setor público, municipal e privado. E-mail: ticodacosta9@gmail.com
