A arte da guerra

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“Só os mortos conhecem o fim da guerra” (Platão)

 

Sempre que falamos em guerra, a primeira coisa que nos vem à cabeça são cidades bombardeadas, pessoas feridas, muitas delas mortas, presas entre os escombros, ataques terroristas. No entanto, a guerra é algo que faz parte do nosso dia a dia, nós a experimentamos cotidianamente. É a guerra pela sobrevivência, pelo emprego, a competitividade no mundo corporativo, as desavenças na família, os embates com os amigos, as divergências políticas, as desigualdades de gênero. São guerras e mais guerras que travamos, nas quais nos vemos envolvidos e das quais parece que nunca vamos conseguir sair. Isso considerando só as guerras exteriores, porque tem aquelas cujo palco fica dentro de nós: a guerra entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, entre a virtude e o pecado, o sim e o não, o ficar ou partir, o caminho da direita ou o da esquerda.
A frase de Platão resume isso muito bem: só os mortos conhecem o fim da guerra, porque, estar vivo é estar em guarda permanentemente. Conhecemos períodos de trégua, períodos de paz, mas, quando menos esperamos, nosso território é invadido pelo exército inimigo ou somos nós que nos vemos na contingência de juntar nossa tropa e invadir o terreno do outro. Muitas vezes isso é uma questão de sobrevivência e, quem não domina a arte da guerra é aniquilado ou vive em cima do muro, tentando ser agente duplo, se iludindo sobre a possibilidade de fazer acordos com dois lados opostos, fomentando a discórdia, ou se anulando na tentativa de conseguir agradar a gregos e a troianos, tentando conseguir proteção e fazendo de tudo para usufruir de uma falsa sensação de paz.
Seria melhor vivermos num mundo de paz? Seria. Seria melhor vivermos em ambientes onde ninguém pretendesse lesar ninguém, ninguém quisesse passar a perna em ninguém, ninguém traísse, mentisse, usurpasse, usasse de falsidade, mas, a vida real é bem diferente e estamos cercados de perigos; caminhamos em campos minados com bombas escondidas que podem explodir a qualquer momento, onde menos esperamos, ou com o risco de sermos atingidos por rajadas de metralhadoras empunhadas por quem menos imaginávamos ter por adversários. Embora o desejo de paz seja forte e verdadeiro, parece que a prontidão para a guerra é uma condição permanente da maior parte dos seres humanos. Por isso, precisamos estar sempre alertas, sermos prudentes e cuidadosos, pois nem sempre haverá trincheiras nas quais possamos nos esconder ou soldados aliados que possam nos proteger.
Devemos estar atentos e sermos estrategistas e, muitas vezes, a escolha mais acertada é recuar. Não precisamos nos bater continuamente e nem atacar incessantemente. Muitas baixas poderiam ser evitadas se abríssemos mão de medir forças o tempo todo. O exército inimigo é mais poderoso, é mais forte? Então, melhor sair, para não correr o risco de ser abatido. O exército inimigo é mais fraco, está desfalcado? Então, melhor sair, afinal, que glória há em atacar um inimigo que não pode se defender? Ah, o exército é igual, tem a mesma potência. Então, melhor sermos aliados e defendermos juntos as nossas fronteiras. Mas, o inimigo é belicoso demais, tem necessidade de lutar, não recua jamais, precisa vencer sempre… Isso é com ele, você não precisa ser assim.
Recuar, dar um passo atrás, sair de cena, mudar de direção, pode ser muito mais honroso, muito mais glorioso do que passar a vida inteira no front. Jesus disse, certa vez, que se alguém te forçar a andar uma milha, você deve ir com ele duas milhas. Veja, ele não disse que você deve andar ao lado dessa pessoa pelo resto da sua vida, mas, apenas mais um tanto, o tanto que você suporte e que mostre para a pessoa a sua disposição em cooperar e tentar viver em paz. Você não precisa ficar ao lado de quem te humilha, de quem te maltrata, te subjuga e te provoca o tempo todo. Nesse mesmo discurso, Ele disse que se alguém quiser tirar a sua túnica, você deve deixar que leve também a sua capa. Ou seja, você deve desapegar-se, não criar e nem alimentar picuinhas, não brigar por coisas fúteis. A sua melhor estratégia pode ser simplesmente tirar o time de campo, sair de cena, cair fora, porque a paz é a uma conquista que não tem preço.
Quem nasceu com espírito beligerante, vai guerrear quando é preciso e inventar motivos para guerrear quando eles não existirem, porque não sabe fazer outra coisa, não sabe viver de outra maneira. E se você dispersar seu exército e abandonar o campo de batalha, ele vai arrumar outro inimigo, real ou imaginário, porque a única condição que conhece é a guerra e vai travar novas batalhas, algumas contra moinhos de vento e leviatãs. Então, esteja ciente de que, ainda que você deponha as suas armas, se ficar perto, vai acabar sobrando pra você. Não é bem melhor partir, respirar outros ares, montar seu acampamento em outro lugar?
Deixe que seu adversário procure outro desafeto, cultive a sua paz e preze por ela mais que por qualquer outra coisa. A paz de espírito é privilégio daqueles que não se importam em ser provocados, chamados de covardes, afinal, como diz o ditado popular, “mais vale um covarde vivo do que um herói morto”. Exercite-se, fortaleça seus músculos, mantenha sua espada afiada e deixe algumas sentinelas cuidando do seu território. Em suma, esteja alerta, porque algumas batalhas serão realmente inevitáveis, mas, daquelas que podem ser evitadas, fuja delas, para bem longe. Escolha a tranquilidade, escolha a serenidade, guarde suas forças, usufrua da sua vida, aprecie as suas vitórias, porém, da guerra e dos fomentadores de guerra, esteja longe, bem longe, milhas e milhas além. Não se preocupe em vencer, concentre-se em vencer-se.

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