A (des)elegância da mesóclise

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Ser-me-ei breve para falar desta colocação pronominal tão bela, culta, mas em desuso. Lembro-me de quando um vice-presidente usou em seu discurso a elegância desta colocação pronominal: “Procurarei não errar, mas, se o fizer, consertá-lo-ei.” Discurso político é sempre um discurso sedutor. Ainda mais quando se usa a mesóclise. Trata-se do uso do pronome oblíquo no meio do verbo. Este se dá com os verbos usados no futuro. Todavia o seu uso está mais em desuso como nunca. Creio que, para tal feito, o falante precisa de certo domínio da língua escrita, saber diferenciar próclise, ênclise e a própria mesóclise.

Na língua falada, não existe; na escrita, somente pela linguagem dos literatos que produziam arte com as palavras. A ausência de suas colocações tem a sua escassez declarada nesta última. Hodiernamente, é difícil encontrar textos numa linguagem que apareça as regras dos pronomes oblíquos. Numa das minhas orientações para o mestrado, eu grafei o seguinte verbo: “ Haver-se-á”. Minha orientadora riu. “Que linguagem mais parnasiana, hermética, porém, elegante”. Eu parei para pensar na fala dela: quem usa mesóclise hoje em dia? Querendo ou não, é uma linguagem excludente. Os desprovidos de escola e educação jamais saberiam usá-la ou entender o porquê do seu uso e da forma como usam. Para ser sincero, a língua portuguesa é excludente. Eu a amo, mas reconheço o quanto ela exclui quando se trata de norma culta.

É por isso que a gente acaba aceitando esse monte de asneira em relação à linguagem por não conhecer uma porcentagem mínima de suas regras. O falante não rege como se deve e não se conjuga como se deveria. É claro que o que importa na comunicação é a fluência da mensagem propagada pelo interlocutor. Eu sempre falo para os meus alunos que não há erro de gramática se a mensagem foi transmitida e se os receptores a entenderam.

Dever-nos-emos diferenciar sempre a língua falada da língua escrita. E esta última tem sido o grande pesadelo para os estudantes. Não conseguem dissertar sobre determinado tema, porque não dominam a escrita. Um exemplo disso é a quantidade de alunos que receberam a nota máxima no Enem. Poucas, bem poucas pessoas.

Um país de não leitores sempre terá as suas dificuldades em escrever. Se mal escrevem, mal saberão usar a mesóclise. Na célebre frase de Monteiro Lobato “Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê” traduz toda essa realidade contemporânea de uma sociedade procrastinada em tecnologia. A mesóclise está caindo não só porque é excludente, mas também porque foi rejeitada pelos falantes. Quando se rejeita, a tendência é o desuso. Creio que o “Fi-lo porque qui-lo” será de conhecimento de poucos, bem poucos.

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