CENSO DO IBGE: ALEGRIA E DECEPÇÃO

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Foi com imensa alegria que recebi em minha casa a simpática recenseadora, afinal, em quase 60 anos de vida, foi a primeira vez que participei do recenseamento. Até então, eu não fazia parte das estatísticas do IBGE.

No entanto, muito rapidamente, a minha alegria se transformou em decepção: então, é só isso? Estava preparada para responder um longo questionário que escarafuncharia a minha vida e, no fim, quando a mocinha se despediu, eu sabia mais sobre ela do que ela sobre mim e minha família.

Soube, por exemplo, que ela é casada, tem um filho, sofre de rinite, é filha de um caminhoneiro e tem seis animais em casa: dois gatos, três cachorros e uma tartaruga. Um dos cachorros, resgatado em uma enchente. Se a conversa tivesse durado um pouco mais, talvez eu tivesse descoberto o seu signo, o seu estilo de música preferido e a sua religião, informação relevante que, aliás, ela não me perguntou.

Mas, a culpa não é dela. Ela foi simpaticíssima e fez todas as perguntas que estavam no script. A culpa é do sistema do IBGE. Ela não perguntou, por exemplo, a nossa escolaridade, profissão, se trabalhávamos ou éramos aposentados e, também qual a nossa religião, dado imprescindível, porque é o censo demográfico que determina o número de católicos, evangélicos, espíritas, ateus etc. Mas, como lamentavelmente descobri, a somatória de muitos dados é feita por estimativa.

Quando eu me mostrei decepcionada por um questionário tão raso, a entrevistadora explicou que é o sistema que determina as perguntas e que o questionário maior é feito por amostragem. Como, três casas abaixo da minha, tinha aparecido na telinha do seu DCM o tal questionário completo, certamente demoraria um pouco para ele aparecer novamente.

Isso é sério? Os números nos quais acreditamos e que até citamos em trabalhos acadêmicos, artigos ou até mesmo em conversas, “segundo o IBGE”, não são, então, verdadeiros? Me espanta todo esse movimento, o número de entrevistadores e o dinheiro gasto com a pesquisa para fazer-se um censo para inglês ver.

Bastou a ela saber nosso nome, nossa idade, faixa de renda familiar, se sabíamos ler e escrever, se tínhamos esgoto, coleta de lixo e água encanada e quantos banheiros havia na casa. Ah, e de que cor nos declarávamos.

É claro que eu não esperava que ela perguntasse o meu signo, para que time torço ou em que candidato vou votar, mas há outras informações relevantes que não foram aventadas, porque o questionário completo foi feito à nossa vizinha…

Aquilo me pareceu um logro, um engodo. Talvez porque eu sempre tenha guardado uma certa decepção por nunca ter recebido a visita do censo, era como se, de certa forma, eu não existisse oficialmente. Não mudou muita coisa, pois, essa incompletude não me traduz, não me insere, nem a mim e nem à minha família.

Não bastasse isso, ainda soube dos mecanismos de controle para confirmar o trabalho dos recenseadores, porque, segundo explicou-nos a dona da tartaruguinha encontrada em uma estrada por seu pai, na época em que os questionários eram feitos com papel e caneta havia muitas fraudes, com dados inventados, uma vez que os entrevistadores recebem por entrevista feita… Então, imaginei que, muito provavelmente, para as perguntas que eu e muitos outros nunca responderam, cidadãos que nunca existiram vem ter entrado no lugar.

Confesso que senti inveja de São José, que viajou com sua esposa grávida de nove meses, para responder ao censo que, ao que parece, era feito com muita seriedade e, por causa dele, Jesus Cristo acabou nascendo numa estrebaria. Pelo menos, agora não precisamos mais viajar em lombo de burro para responder às perguntas do censo; ainda que incompletas, elas são colhidas no aconchego do nosso lar.

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