Em dezembro, gastamos como se não houvesse amanhã…

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Geralmente, o último mês do ano é tratado como o tempo de planejar o ano novo, onde tudo de lindo, bom, perfeito e maravilhoso vai acontecer. É um mês meio chocho, já notaram? Ninguém consegue fazer muita coisa em dezembro, parece aquele bolo de aniversário do qual todo mundo já se fartou e restam pedaços desarrumados na bandeja, com o glacê derretendo e muitas migalhas ao redor. Diria que é bem isso, um mês de fim de festa, aquele tempo que parece preceder o período em que tudo vai acontecer de forma diferente. Por este prisma, é o mês da esperança, mas, por outro lado, é também o mês da irresponsabilidade.

Em dezembro começam as férias, o recesso parlamentar, tem as festas de fim de ano, que nós tratamos como comemorações mais do que merecidas para relaxar, deixar para trás tudo de pesado e difícil que vivemos. Relaxar e exceder! Primeiro, a mais sagrada das festas, que é o Natal, há muito já perdeu o seu sentido e, dependendo de quem convidamos ou vai, convidado por outros, à nossa ceia, se temos o hábito de fazer uma oração antes de atacar as guloseimas, precisamos encarar aquelas caras de “Mas, o que é isso? Eles vão rezar? Que coisa mais ultrapassada!”. Ah, estamos comemorando o nascimento de Jesus… “Que tolice, ninguém nem sabe ao certo a data que Jesus nasceu, aliás, nem se sabe ao certo se ele nasceu mesmo ou se é um personagem inventado para alienar as pessoas…” Dessa forma, o tender, o peru, a farofa, o champagne, o panetone e as rabanadas têm muito mais importância do que o motivo real pelo qual as pessoas se reúnem para comemorar o Natal…

E aí já entra parte da nossa irresponsabilidade. Não importa a condição social da pessoa, ela sempre irá gastar, com comida, mais do que deveria ou poderia, porque é Natal e é preciso comprar alguns produtos típicos para a ceia e o almoço, ainda que sem Jesus, sem Maria, sem presépio, sem fé, sem oração. Comida típica tem que ter! E bebida também! Acho que em nenhuma época do ano se come e se bebe tanto quanto no Natal.

E tem também a questão dos presentes. As crianças hoje são muito mais espertas, e a maioria sabe que essa história de Papai Noel é uma bobagem, poucas ainda conservam suficiente inocência e pureza para acreditar. Mesmo assim, elas querem ganhar presentes e os pais – ou quem quer que seja que cuide delas –, querem dar, ou sentem que precisam dar, faz parte do Natal.

E tem amigo secreto na empresa, amigo secreto na família, confraternização, e a necessidade de comprar roupa nova, sapato novo, perfume, toalha nova para a mesa, enfeites novos para a árvore de Natal e por aí vai…

Nossa, Isa, este artigo já está mofado! O Natal já passou, o mês de janeiro praticamente já acabou, você não tem nada novo para escrever? Calma, este não é um artigo reciclado, palavras reaproveitadas. É novinho em folha, tanto que a linha de baixo, para mim, ainda está em branco.

Vou contar como surgiu a ideia de escrever sobre este assunto, os gastos impensados e os excessos cometidos em dezembro, não apenas no Natal, mas também no Ano Novo. Aliás, essa parece ter se tornado a festa da praia e das chácaras. Uma pessoa não se sentirá um ser humano bem sucedido se não viajar para a praia ou não alugar uma chácara para festejar a passagem de ano com a família ou com os amigos. E dá-lhe gastos! E vai 13º, limite da conta, vale refeição do mês inteiro e parcelamento a perder de vista no cartão de crédito, mas, tem que festejar! Tem variante nova da Covid? Dane-se! Tomei vacina para quê?
Então, dezembro passa, neste devaneio onírico. As sobras de bolo são comidas, ou finalmente jogadas fora porque emboloraram, e chega janeiro, o mês das novas possibilidades, da vida nova, do tudo novo, da perfeição da vida. Só que não.

Eu não participei de festas, passei tanto o Natal quanto o Ano Novo apenas na companhia de meu marido, meus cachorros e meus jabutis, sem extravagâncias gastronômicas e com oração. Mas, mesmo assim, não consegui me furtar aos gastos, porque me meti a fazer uma obra em casa que, como acontece com toda obra que envolve pedreiro e material de construção, a fatura saiu muito mais cara do que o inicialmente planejado. Como aquele cimento, aquela barra de cano, aquelas pecinhas de acabamento que o pedreiro esqueceu de pedir ou errou na quantidade, saem caras quando se vai fechar a conta na loja de material!

O seguro do carro vencia em janeiro e, como já passei pelo desgosto de ter um carro furtado e um acidente com perda total, que fez compensar todos os anos de seguro pago, ainda que com dor no bolso e no coração, este é um quesito do qual não descuido. Então, fui fazer a nova cotação e, numa conversa online com o corretor, começamos a falar de IPVA, que já descambou para IPTU e as famosas despesas de início de ano, então ele disse uma frase que não tem nada de inédita, tanto que já foi título de livro, de filme e de música do Legião Urbana, mas que, no contexto da nossa conversa, ficou pitoresca: “Em dezembro, a gente gasta como se não houvesse amanhã, aí vem janeiro e lasca tudo.”

Até brinquei com o rapaz, dizendo que iria escrever um artigo sobre isso. E é o que estou fazendo, porque pensei muito no assunto nestes primeiros dias do sonhado janeiro. A conclusão a que cheguei é que dezembro de 2022, com seu ar chocho de fim de festa e bolo esmigalhado, será reflexo do dezembro de 2021, que reflete o de 2020, que reflete o de 2019… que reflete o primeiro dezembro do calendário, quando, diante da insatisfação com o presente, alguém resolveu jogar todas as expectativas do bom e do novo no janeiro seguinte e deu no que deu até aqui.

Como tudo é transitório, meu artigo também não significa mais do que palavras ao vento, que podem impressionar no momento e serem esquecidas logo depois. Mas, de verdade, o meu desejo é que o próximo dezembro seja um capítulo completo no livro da vida e não apenas um mês de vésperas, um mês que antecede, um mês onde se justificam todas as besteiras que conduzirão às dificuldades do ano seguinte. E, sobretudo, como sou apaixonada por Ele, desejo que, mesmo que o Papai Noel seja cada vez mais esquecido e menos respeitado, pelo menos esse Jesus maravilhoso, que tem a delicadeza de, a cada dezembro, novamente se fazer menino, esteja presente em nosso coração e nos impeça de viver como se não houvesse amanhã, porque há – os ambulatórios médicos que tratam a Covid, as administradoras de cartão de crédito e o SPC-Serasa que o digam!

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