Minha Terra e sua Gente

Facebook
WhatsApp

Uma cidade não se faz só com seus prédios, ruas, avenidas, mas se faz principalmente com o trabalho e a história do seu povo. Durante décadas que escrevo neste semanário procuro sempre registrar nesta coluna a história contada por pessoas de vários seguimentos da nossa sociedade, independentemente de cor, religião e posição social. Também é bom registrar que a história não é feita só com o presente, porque o passado é fundamental para a soma de todo este contexto.

Nesta edição conversei com uma senhora muito simpática. Fui acompanhado de Miguel Elias, conhecido por todos como Satiro, que é sobrinho de nossa entrevistada, que inclusive ajudou na entrevista com sua tia e também deu algumas dicas da família.

Ela tem 92 anos de vida e colaborou muito para a história de Monte Alto, viveu nos seus momentos de outrora com muita intensidade ao lado de pessoas cujos nomes hoje são lembrados em ruas, praças e na própria existência do município, inclusive, a família Livramento.

Nossa entrevistada é a senhora Benedita Matias de Souza, filha de Mario Francisco de Souza e Gabriela Matias de Souza, numa família de três irmãos: ela, Maria Aparecida e Antônio. Teve um filho, Célio, e dois netos, Daniel e Ana Paula, além de um bisneto.

Como vivia a Família de Nhonhô Livramento
A família de Nhonhô Livramento morava em uma fazenda na estrada que ia para Taquaritinga e D. Benedita conta que quando ainda era menina ela e seus pais foram morar com a família dos fazendeiros porque lá já moravam alguns de seus familiares entre eles, Brasilina, mãe de Satiro, jovem que era cozinheira da família.
Nhonhô Livramento tinha falecido e quem tocava a fazenda era D. Lucia, sua esposa, que tinha quatro filhos: Herculano, Joaquim (Quinzito), Maria Emília e Maria Lúcia. “Na fazenda, era uma colônia grande, tinha os japoneses os italianos e os brasileiros também. Dona Lucia era muito boa para os empegados, ela dava muitos presentes e nos tratava muito bem”.
Dona Benedita conta que na fazenda havia matas fechadas enormes, muita caça e até cachoeira. Certo dia o Dr. Herculano do Livramento, chamou o encarregado e disse para ele transformar a última casa da colônia e em uma espécie de clube para todos os trabalhadores e colonos, que lá faziam bailes e vinha gente de Taquaritinga, de Jaboticabal e de Monte Alto, é claro. Eu perguntei a ela quem animava as festas ela me respondeu”: É, meu filho, só sanfoneiro tinha dois na nossa colônia”.

As festas mais animadas
Nossa entrevistada fez questão de deixar claro que as festas mais animadas eram, sem dúvida, o Carnaval e as Festas Juninas. “Para você ter uma ideia, quando era Festa Junina a D. Lucia mandava hastear o mastro de São João, tinha muita comida e fogos, muitos fogos. Depois da queima já começava o baile junino e a gente dançava até a madrugada. Era lindo e animado demais, sinto muita saudade… Eu dançava muito (risos). Naquele tempo já tinha energia na fazenda, (que deveria ser através de gerador). Era um lugar maravilhoso, como era bom, quanta alegria, quanto respeito”, conta com saudade.

As comidas da fazenda
Quando começamos a falar das comidas, o seu sobrinho Satiro falou que sempre ouviu da sua família que os Livramento eram pessoas cultas, que viajavam a Europa toda, principalmente a França, e de lá traziam as receitas e passavam para sua mãe Brasilina e sua tia Benedita, e também para as demais funcionárias fazerem pratos saborosos, além de contar que naquele tempo usava-se fazer também na cozinha receitas com as caças. “Eles eram muito ecléticos na alimentação segundo ouvi meus antepassados falarem, sem contar que eram pessoas de fino trato” comentou Satiro.

A escola da Fazenda
D. Benedita, fale para mim como era para vocês, colonos, estudarem? “Ah, era assim… tinha uma professora, que vinha todo dia da cidade de jardineira. Em frente da fazenda tinha um ponto onde ela descia. Um empregado ia buscar a professora de charrete. Ele tinha dois filhos que estudavam lá e já ficavam para a aula. Quando terminava ele levava a professora de volta no ponto da Jardineira (uma espécie de ônibus adaptado em um caminhão). Esta Jardineira saia de Monte Alto para Taquaritinga e vice e versa. E nós, de Monte Alto, tínhamos muita ligação com Taquaritinga, não era com Jaboticabal. Só viajávamos para Taquaritinga, Jaboticabal era muito difícil”, contou ela. Confesso que fiquei surpresa, pois Monte Alto era Comarca de Jaboticabal na época.

Uma família Religiosa
As famílias dos fazendeiros eram muito religiosas. Dona Benedita conta que na Semana Santa, Dias de Todos os Santos e Sexta-Feira da Paixão ninguém trabalhava, todos guardavam o dia e vinham para a cidade nas missas e procissões. “Para você ter uma ideia do quanto eles eram religiosos, toda primeira sexta-feira do mês as meninas Maria Lucia e Emília vinham a cavalo para a cidade para irem à missa e voltavam para a fazenda, embora eles tivessem uma enorme casa na cidade, onde hoje fica o Edifício Livramento, ao lado da Prefeitura.

Boiadeiro
A alegria de ver a ‘boiada’ passar
D. Benedita conta que quando estava na cidade uma das maiores alegrias dela e de suas primas era correr para o fundo da casa dos Livramento, que ficava onde hoje é o Edifício Livramento e pegava toda a área atrás que tinha um lindo pomar, onde hoje é a rua Ananias de Carvalho. “A gente colocava bancos e tijolos para subir e ficar olhando a boiada passar. Era lindo ver os berrantes tocando e a boiada passando, era tanto gado que demorava mais de uma hora e quando terminava ficava só a poeira do estradão e a saudade. Não dá para esquecer. Naquela época, só a rua do centro era calçada, as outras eram todas de terra”.
Só lembrando o leitor desta coluna, que quando fiz, anos atrás, uma entrevista com o Sr. Benedito Marciano Boiadeiro “in memoriam”, ele falava que em Monte Alto tinha o ‘estradão’, por onde passavam as boiadas, e nela ele havia passado várias vezes com destino a Barretos e também outras cidades levar o gado. E com a entrevista de D. Benedita liguei um fato a outro. É o que eu digo sempre, “a história é de quem a faz e de quem a conta”.

Registrando

PRIMEIRA DERROTA

O MAC foi apresentado à sua primeira derrota na Taça EPTV de Futsal. Na noite de segunda-feira, 6, o time

SUCESSO

Em mais um ano, Weder Alves, organizador do Monte Alto Rodeio Show, comemora o sucesso do evento realizado entre os

HOMENAGEM

Para celebrar o dia das Mães, a diretoria da ACIMA se fez presente defronte ao banco Santander no sábado, 11,

EXPRESSIVA DATA

A atriz montealtense Analice Pierre e seu marido, Rafael Carandina, celebraram 11 anos de união no dia 11 de maio

FESTA

Desde o dia 4 de maio, a Paróquia Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima está em festa. E tudo