Tapa na Cara do Povo e da História de Monte Alto
Quando foi vendido o Monte Alto Clube, seis maiores credores eram a Prefeitura e a Sabesp. Na época, comentei com tristeza, porém, a Prefeitura não podia arcar com todas as dívidas do Clube. Lembro que falei no jornal da rádio, protestei, enfim, o tempo passou, e aí? Não virou nada, o que disseram que seria um grande supermercado, ou até uma grande empresa virou um monte de entulhos, e um local abandonado, ocupado por desocupados, e muitas vezes é prato cheio com este tempo chuvoso para habitar os mosquitos da dengue.
Claro que naquele tempo, via a situação em um prisma diferente do que vejo agora. Hoje, penso que a Prefeitura tinha que ter feito um movimento político junto à Sabesp, que também pertence ao governo do Estado, já que os dois eram os maiores credores e feito um tombamento e poderia dessa maneira usar o clube para várias atividades esportivas e sociais. Agora os empresários estão na deles, não tem culpa nenhuma, pois foi pra leilão, compraram e revenderam, faz parte do jogo do negócio.
Plagiando o Poeta, e agora, José?
E agora, José? O clube não existe mais, não tem piscina, não tem salão… os bailes e os carnavais, José, ficaram só na saudade, derrubaram e acabaram com tudo. Os muros, os trampolins da piscina que a gente brincava tanto nas manhãs ensolaradas de domingo. Quanta falta nos faz o Monte Alto Clube.
A bocha, a sauna, o bar dos boêmios, o Gilbertão cantando, o Bergo acompanhando e a gente dançando e às vezes cantando juntos. Ah, como era bom, José.
O que será que aquele pessoal que tanto trabalhou pela história do clube estará falando agora no céu? O Dr. Adauto Freire, Dr. José Rodrigues, o Antônio Sudano, Michel Bahdur, o Zezo Coelho, Orvile Busnardi, entre outros.
Ah, José, como esta turma lutou para oferecer o melhor para os associados e frequentadores do clube. Parece que no próximo ano a pandemia estará sob controle e o Carnaval poderá voltar, porém, eu passo em frente e fico pensando: caramba, se eu pudesse trazer de volta o Sambalanço, o nosso afinado cantor do carnaval dos carnavais, Dito Moreira, mas aí? Ele perguntaria para mim: “Bixim, como ele me chamava carinhosamente, cadê o Clube”? Aí eu responderia para o meu amigo de tantas noites de serestas: – o que? não tem mais clube que você tantos carnavais animou e nem o palco que você, com sua doce voz, cantou e encantou… não ficou nem para história da história, já que as circunstâncias e o tempo levaram, só restou a saudade misturada com um monte de entulho.
E agora, José?
A triste partida de Olga
Olga, sublime é o significado do seu nome. Olga que cantou em prosas e versos sua querida Monte Alto. Olga das jaqueiras da Praça, as quais ela sempre falava e ia visitar, Olga das cachoeiras lá das serras. Olga Professora, Olga mãe exemplar, Olga mulher forte como um segredo, Olga dos contos e das poesias que penetravam nos corações de seus leitores, Olga sensível e ao mesmo tempo, firme quando necessário, Olga mulher de postura, Olga amiga e conselheira, Olga mulher guerreira que enfrentava seus problemas, Olga do Monte Alto Clube, onde ainda menina moça, era seu ponto de lazer, Olga das flores, das árvores, dos rios e do meio ambiente, Olga da conversa franca com os amigos, Olga do olho no olho para discutir um assunto de interesse do Município.
Olga Porto, talvez por seu nome levar também a palavra Porto foi despedir-se de seus últimos dias de vida à beira mar, ao lado dos seus filhos que tanto amava.
Sabe, poetisa, o mar no seu infinito mistério, guarda segredos de muitas vidas para sempre. E o poeta nunca morre e com um pensamento meu, termino esta singela homenagem, agradecendo o privilégio que tive de trabalhar com você: “As águas do mar nunca acabam. Estão sempre ressurgindo mais fortes”; e assim você será, sempre lembrada através da sua poesia e do seu exemplo de vida”.
Monte Alto, Primavera de 2021.
