Minha Terra e sua Gente

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Quero começar esta coluna que escrevo há décadas neste jornal lembrando de um acontecimento que marcou um pouco da história da minha vida. Certa vez, no ano de 1984, eu morava na rua Jeremias de Paulo Eduardo onde hoje fica a Auto Escola Exato. Na época, obviamente, era uma casa menor. Estava em um churrasco juntamente com minha família, meus filhos ainda pequenos, na casa de um casal de amigos, Carlos Augusto Nunes, o Guto (in memoriam), e sua esposa Maria José, a Zeza, por coincidência, antigos proprietários deste semanário. A uma certa hora, tocou o telefone fixo, naquela época não existia celular. Guto foi atender e voltou com um semblante preocupado e me disse: “Alencar, vai na tua casa que aconteceu um problema muito sério lá. Outro amigo presente, o saudoso Dito Moreira, disse vai logo ‘bixinho’, termo pelo qual ele carinhosamente me chamava. E lá fui eu: ao chegar me deparei com uma cena inesquecível. Minha casa estava em chamas e um caminhão d’água da prefeitura com um ou dois funcionários, além de dois Policiais Militares estavam lá. O que me chamou atenção foi o diálogo entre o soldado Avezu, de saudosa memoria, e um senhor que era meu vizinho, Olívio Ulian, também já falecido. Com uma pequena mangueira de aguar jardim ele estava jogando água tentando apagar aquelas enormes labaredas, e o pessoal gritando para ele sair dali. “Sr. Olívio, com esta pequena quantidade de água o senhor não vai conseguir apagar esse fogo”. Ele respondeu: eu fui primeiro a jogar agua neste fogo e não vou parar, é uma questão de dever, tenho que fazer algo, não posso ficar de braços cruzados enquanto a casa pega fogo”. Em outras palavras, ele queria dizer ‘tenho que fazer minha parte’. Eu era jovem, e aquela lição de vida ficou gravada na minha mente para sempre.

Xenofobia e preconceito
Hoje infelizmente a xenofobia que se resume em preconceito, discriminação social, desprezo por pessoas que não pertencem a seus ideais, entre outras coisas maléficas que infelizmente vem sendo praticadas em vários lugares do Sul e Sudeste contra os Nordestinos. Não interessa se o motivo é político ou religioso, isso é crime, e ponto. E aqui em Monte Alto ele foi praticado por alguns homens e mulheres covardes, que com comentários em redes sociais e curtidas, ofenderam o povo Nordestino, inclusive uma professora, dando mal exemplo para crianças e jovens. Então, Eu pergunto: que moral tem uma pessoa dessa, cuja função é educar, dar maus exemplos? Só pelo fato de o seu próximo ter nascido em outra região do País? Seria porque nasceu no Nordeste e veio para São Paulo, mais precisamente para nossa região? Porque é pobre? Porque de onde veio, ainda criança, precisava viajava quilômetros tiranos para carregar água para beber com seus irmãos e antes disso ter que coá-la em um pano, já que muitas vezes a agua era barrenta? Eles têm culpa por o lugar onde nasceram ficar anos sem chover, olhar em sua volta e só ver uma terra seca, um chão rachado, sem perspectiva? Vêm para São Paulo sim, para qualquer lugar do Brasil trabalhar para, com suas mãos calejadas, dar prova de honestidade e trabalho, afinal, este é um só País, uma só gente, embora alguns se achem superiores.

Crime Federal
O que essas pessoas maldosas fizerem foi cometer um crime federal, de acordo com a Lei 9459, que pune com um a três anos de prisão, fora multa, este tipo de ação. Foi exatamente o que fizeram e eu estava disposto a ir fazer uma denúncia na Policia Federal, em Ribeirão Preto, porém, ouvindo e seguindo o conselho do meu amigo, Dr. Daewison do Valle (Seis), e de uma das minhas filhas, eu não fui. Quero frisar que se isso acontecer novamente, só Deus me segurará; vou direto na Policia Federal, aí estes covardes vão sentir o peso da justiça. Outro motivo também que levei em conta foi que a atual Prefeita, Maria Helena Rettodini, fez uma homenagem recente ao dia do Nordestino, homenageando inclusive o ‘Lagoa’ funcionário do cemitério e já tinha falado comigo para no próximo ano organizar uma grande festa Nordestina no mês de São João. Como uma das pessoas que fez postagem de cunho xenofóbico, exerce um cargo de confiança na prefeitura, indo na contra mão da maioria do povo que aqui vive e na contra mão dá própria administração municipal é que peço a ela que reveja seus conceitos e não faça mais isso, assim como os demais que tiveram esta atitude sorrateira.

Quero agradecer ao Dr. Daewison, ao Elton Barroso, diretor do Jornal Tempo, aos muitos conterrâneos e também a muitos paulistas pelo apoio.

Meus leitores, vocês entenderam o motivo pelo qual comecei a coluna contando uma passagem da minha vida? Assim como o senhor Olivio Ulian fez na ocasião daquele incêndio, eu tinha que fazer minha parte na defesa da minha origem e do povo nordestino.

Os Próximos
Àqueles que postarem algo relacionado a xenofobia e também aqueles que curtirem e compartilharem, deixo meu recado: preparem o bolso, pois irão todos para Polícia Federal de Ribeirão Preto, porque eu mesmo vou processá-los. Pode ser cem, duzentos, mil, nem que eu tenha que ficar um ano indo e vindo na Polícia e no Fórum Federal, eu irei. Tempo e coragem é o que não me faltam.

Tenho minhas raízes, tenho minha origem e nunca vou renegá-la. Nordeste é terra homens e mulheres trabalhadoras. Berço de gente sofrida por falta de oportunidade, mas também inteligente, estão ai as Olimpíadas de Astronomia, Matemática, História e Física para comprovar que são alunos vencedores. Nordeste dos poetas, escritores, poetisas, cantores, compositores etc…

Nós, nordestinos, estamos acostumados a confrontar aqueles que quebram nossas pernas, só que eles jamais dobrarão nossos joelhos.

Peço licença ao grande poeta nordestino, Luiz Gonzaga: Quando ‘oiei’ a terra ardendo, qual fogueira de São João, eu ‘preguntei’ a Deus do céu, uai or que tamanha judiação? Que braseiro, que ‘fornaia’, nenhum pé de ‘prantação’, por ‘farta’ d’água perdi meu gado, morreu de sede meu alazão…

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