Não te oponhas ao curso do rio…

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Esta semana, lendo o Eclesiástico, esse pedaço de versículo me chamou a atenção e me levou a fazer um link com os dias atuais: “Não te oponhas ao curso do rio.” (Eclo 4,32).

É uma frase simples e parece até tola, sobretudo para quem mora em Mogi Guaçu e tem um riozão que até assusta pelo seu volume de água. Quem vai se meter a besta de se opor ao curso desse rio? Mas, infelizmente, muitas vezes fazemos isso. O rio corre para um lado e a gente quer navegar na direção contrária, rio acima, como diziam os antigos.

Nas últimas duas ou três décadas, o mundo teve modificações que equivalem a vários séculos. Tudo se altera muito velozmente, ficamos até meio tontos em meio a tantas novidades, tantas atualizações, tantas mudanças nos costumes, nas relações, na educação, na arte, no modo de vida.

Há muitas coisas boas em meio a isso tudo e muitas coisas ruins também, além daquelas que nem dá para saber se são boas ou ruins, porque a gente nem entende. A realidade que precisa estar patente para nós é que essas mudanças são o que determina o curso do rio e, nos opormos a elas, querermos navegar contra a corrente, seguir rio acima com nosso barquinho, nos coloca em risco de extinção.

Há muitas coisas com as quais eu não concordo, muitas que acho que estão erradas e algumas que tenho certeza que estão. Mas, eu não posso mudar isso, este é o rio e eu preciso navegar. Precisamos ser cuidadosos e habilidosos, por uma questão de solidariedade e pela nossa própria preservação.

Há uma frase do Belchior, eternizada pela voz da Elis Regina que diz: “Eles venceram e o sinal está fechado pra nós, que somos jovens.” Nem Elis e nem Belchior estão conosco, mas, tomo a liberdade de parafraseá-los dizendo: “Eles venceram e o sinal está fechado para nós, que não somos jovens.”

Hoje, precisamos pensar no que dizemos, como dizemos e para quem dizemos. Há uma ditadura ideológica fortíssima que, como eu já disse aqui, começou com o “é proibido proibir” e descambou para o “é proibido ter opinião própria, é proibido ser contra qualquer coisa”. Se você não pensar no que fala, pode ser processado, preso, cancelado e, pior, enxovalhado diante da opinião pública. Se é mais aberto, a direita te acusa de esquerdista; e, dependendo do que diz, é a esquerda que te acusa de moralista e conservador. Como não se pode agradar a gregos e a troianos, melhor ficarmos “na nossa”.

Eles venceram e o sinal está fechado para quem não pensa como eles. Ou melhor, para quem pensa, porque parece que este rio caudaloso, formado por tantos direitos, protestos e manias de perseguição é constituído por uma massa que não pensa. Apenas repete jargões e escolhe com quem quer se parecer, que novo gueto quer frequentar.

Se opor a isso, com ofensivas tolas, além de inútil, é desgastante e perigoso. Precisamos acolher as diferenças e tentar entender o movimento do rio, o seu curso, as suas cheias, a sua vazante, porque tudo passa e, se estivermos desatentos, somos tragados pela força da correnteza e isso é estúpido e desnecessário.

Minhas palavras hoje podem estar parecendo estranhas, mas, o meu desejo é, sobretudo, alertar sobre o perigo da hipocrisia: pessoas que criticam tudo, que pregam moral em todas as circunstâncias, mas que acabam imitando os costumes aos quais se opõem, dizendo “isso pode”, “isso pode um pouco” e “se ninguém ver, isso também pode”. No fim, estão ouvindo as músicas, usando as roupas, marcando a pele, fazendo os gestos e usando a linguagem daqueles aos quais se opõem.

De nada adianta criticar, se exaltar e acreditar que, em dado momento, as águas do rio vão parar e começar a correr em sentido oposto. Não vão. O que pode acontecer é o fluxo do rio aumentar e potencializar o seu poder destruidor, levando de roldão aqueles que a ele se opõem sem regras, sem método, sem senso de realidade.

Estamos numa guerra, portanto, não adianta criticar, o importante, é não ceder. E, para isso, talvez não se deva sequer molhar os pés nas águas do rio. Recuar é uma excelente tática quando nosso exército está em desvantagem, porque nem sempre o exército que tem mais carros e mais soldados é aquele que vence a guerra…

Lembro-me que, no dia que fui prestar a segunda fase do vestibular da Fuvest, já na casa dos 40 anos, uma mocinha muito recatada, que também estava fazendo a prova, veio falar comigo. Percebi que ela parecia muito desconfortável em meio a tanto “bicho grilo” e se sentiu mais à vontade ficando junto de uma pessoa mais velha.

Ambas passamos. Eu prestei Letras e ela, Geografia. Nossos cursos eram na mesma faculdade, a famosa FFLCH ou, mais popularmente conhecida entre os uspianos como “Fefeleche”. Nos encontramos várias vezes no pátio entre as duas escolas, tomamos lanche juntas e viajamos na mesma condução. No nosso primeiro encontro, ela me disse que era evangélica e criticou algumas figuras estranhas que orbitavam o local das provas.

Foram cinco anos de curso e, nesses cinco anos, continuei vendo a minha colega de vestibular algumas vezes, depois ela praticamente sumiu. Já tinha até me esquecido da garota, quando um dia a encontrei e senti até pena de seu constrangimento. Ela respondeu ao meu cumprimento, baixou os olhos e saiu rapidamente do meu campo de visão. Seu cabelo, bem composto, estava com um corte moderno e algumas mechas azuis e ela usava camiseta e calça de “bicho grilo”. Cedeu, pensei. Criticou, tentou nadar contra e foi engolida pela correnteza.

Hoje em dia é muito difícil pertencer a Deus, praticar uma religião, defender os valores morais. Mas, se somos verdadeiramente cristãos, devemos ser íntegros, fiéis àquilo que acreditamos e defendemos e evangelizar com nossa conduta. Não adianta sermos moralistas mofados e perdermos nosso precioso tempo criticando a conduta alheia. O que importa é não ceder, porque Deus é imutável. Ele é o mesmo ontem, hoje e sempre. E, se o servimos, se pertencemos a Ele, aconteça o que acontecer, venham a águas do rio com a força e o ímpeto que vierem, o importante é não ceder, porque, eles venceram e o sinal está fechado para nós, porém, a guerra ainda não acabou…

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