GUERRA URBANA
Durante longo tempo, Monte Alto e Taquaritinga foram rivais, o foco era a área urbana de cada uma, concentradas nos dois clubes sociais, o Monte Alto clube e o Imperial. Os “imperialistas” quando vinham no Monte Alto Clube nos finais de semana apanhavam no tapa e saiam correndo para não apanhar mais. O mesmo acontecia com os “clubistas” que apareciam no Imperial. O fim de semana no Imperial começava na sexta-feira e no Monte Alto Clube aos sábados, porque lá o comércio abria até meio-dia do sábado e em Monte Alto funcionava o dia todo, o que deixava os “imperialistas” mais descansados para a farra, enquanto os “clubistas” tinham que camelar o sábado inteiro, às vezes até as 19 horas, quase noite.
Com o tempo os frequentadores se referiam apenas ao Clube e não ao nome completo do local. A frequência era exclusiva dos sócios, vez ou outra alguém tentava entrar sem ser sócio, tudo ficava na tentativa, os próprios sócios se incumbiam de barrar a entrada clandestina. Muitos entravam a título de convidado, geralmente alegando que pretendia conhecer o Clube para se associar no futuro, o que funcionava com a cumplicidade de algum sócio, que ao ser descoberto levava três dias de suspensão.
Até hoje não sei porque se dava o nome de “joia” ao pagamento inicial do novo sócio. Não sei se era apenas no Clube ou em todos os outros de outras cidades. O nome era joia, porém, a taxa era paga em dinheiro, muitas vezes parcelada mensalmente. O novo sócio tinha que ser apresentado por dois antigos, que assinavam uma carta de garantia de conduto, ou seja, ficavam responsáveis pelos atos dos que entravam. Era, em certos casos, uma fria!
No Clube a piscina era olímpica, a única da região, nos jogos olímpicos do interior, muitos atletas das cidades vizinhas vinham treinar aqui. Os visitantes faziam sucesso entre os locais, obviamente os homens com as mulheres e vice e versa. O fim do Monte Alto clube não foi o fim de Monte Alto, foi apenas o começo do fim social!
Um funcionário da administração contava que um pretenso novo sócio, ao ser informado sobe a exigência da joia, disse que não usava nenhuma!
IMPÉRIO
Um jovem estudante participou de um intercâmbio cultural e foi morar por um tempo em Viena. Voltou e contava tudo o que viu na Áustria. Gostava de mostrar que conhecia muito daquela cultura. O nosso local, quando perguntei-lhe se havia visitado a Casa de Beethoven, respondeu: “eu não sabia que ele mora lá”.
CODINOME
Sérgio Porto, saudoso humorista carioca, usava o nome de Stanislaw Ponte Preta e se referia à televisão como a máquina de fazer doido. No tempo dele, década de 1960, a TV ainda engatinhava e a internete não existia, é claro! Imaginem o que ele não diria sobre a Internete, se vivesse hoje.
ATO DE FÉ
Em todas as Festas do Senhor Bom Jesus de Monte Alto, a comissão distribui cartazes anunciando o evento, tanto aqui como nas cidades vizinhas. Quando a festa foi onde hoje é a rodoviária e na rua paralela, uma turminha foi de cartaz em cartaz para pichar a frase nova: Onde todos os amigos se encontram!
Foi acrescentado com pincel atômico na frente… e brigam!
UNIVERSAL
Naquele ano até os Beatles se apresentaram no pavilhão. O nome do conjunto era “Os dé Bitos”. A formação dos quatro de Liverpool era Raulzito Silva, Emílio Santo Pierre, Foca e Arthur de Lucca.
CONTO
Na tentativa de tomar leite, dois ratinhos escorregam na borda do pote e caem dentro. Um desiste de sair e se afoga. O outro persiste em salva-se, debate e debate, até que o leite se transforme em manteiga. Ele sai andando e salta do pote.
SELEÇÃO
Infelizmente ouvimos como exemplo pelos médicos que tratam os doentes de coronavírus, que muitas vezes são obrigados a usar o processo: Escolha de Sofia.
Trata-se do romance do mesmo nome, cuja protagonista é uma prisioneira judia em um campo de concentração nazista, responsável por um pavilhão de prisioneiros que todos os dias são escolhidos por ela para trabalho forçado ou para a câmara de gás. Os nazistas delegaram a ela esse poder. Ela foi salva pelos aliados do campo e durante toda a vida carregou com ela o sentimento de culpa. Leiam o livro e assistam ao filme – é assustador!
IDENTIDADE
Se o bispo Sardinha chegasse no Brasil com outro nome não seria comido pelos canibais – Bispo Tubarão, por exemplo!
POSSE INDEVIDA
Roubo é roubo. Furto é furto. Na adolescência os valores são outros, furto de comida era um ‘furtinho”. Comida, no caso, eram produtos da roça, fruta como preferência. “Roubar” laranja, abacaxi, tangerina, abacate e melancia sempre foi divertido e prejuízo pouco para a vítima. Uma vez, em cinco no fusca, fomos à roça de melancia. Eram grandes e redondas, pesadas e escorregadias. Deviam ser consumidas longe da origem, principalmente porque era roça de japonês, que atirava para acertar. Invasão de propriedade era crime sem fiança. Em ação a carga de melancia para o porta malas do fusca. Couberam duas e o capô não fechou. Dentro com os passageiros não cabiam. Solução: comer no local, foram quebradas no joelho e devoradas até com parte da casca. Se os adolescentes fossem inteligentes quebrariam as frutas e partidas caberiam no carro. Podia ser pior que a falta de lógica – se fosse abacaxi!
