Os meus, os seus, os nossos

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Talvez seja da natureza da paternidade e da maternidade considerar os filhos como os mais bonitos, os mais perfeitos, os mais inteligentes e, quando esses predicados todos não forem reconhecidos, os mais injustiçados. E esse alheamento parece aumentar mais à medida que o tempo passa.
Antes, embora amassem e admirassem os seus filhos, os pais – pelo menos um grande número deles – sabiam reconhecer os defeitos, as falhas de caráter e as pisadas de bola de seus rebentos e aplicavam as corrigendas necessárias para que os filhos entrassem nos eixos e viessem a se tornar bons homens e boas mulheres. No entanto, a sensação cada vez mais premente é a de que, embora muitos erros sejam cometidos e opções ruins sejam feitas, não o são pelos filhos de ninguém.
Se os filhos vão mal na escola – e um número alarmante deles vai – é porque os professores são ruins e desinteressados ou, mais genericamente, a culpa é do governo que sucateou as escolas e a educação. Se os filhos arrumam encrencas na rua é porque os outros os provocaram; se engravidam meninas e as abandonam é porque elas os seduziram, os induziram ao erro e não eram boas o suficiente para eles, por isso, estão certos em largar essas vadias. E, para os pais das meninas, sendo elas de fato boas meninas ou espertas e safadinhas, não importa, a culpa é dos rapazes que as enganaram, as molestaram, se aproveitaram delas. Todos parecem se esquecer que, salvo casos de abuso, o que se faz a dois é decidido por dois.
Se os filhos se envolvem com drogas, roubos ou qualquer tipo de violência, a culpa é das más companhias que levaram os coitadinhos para o mau caminho. Ou seja, a culpa é sempre dos filhos dos outros (dos seus filhos nocivos, pervertidos, mal-educados), nunca dos meus (dóceis, inocentes, ingênuos, presa fácil dos seus).
Uma vez ouvi uma homilia do padre Fábio de Melo na qual ele mencionava o hábito de muitos pais e, principalmente, mães, de justificarem os erros e vícios dos seus filhos como consequências de más influências, de más companhias e ele questionava: “Será que as más companhias não têm pai e mãe? Será que o seu filho não é a má companhia?”.
Mas, essa síndrome do filho perfeito não se aplica apenas a jovens que agem mal ou delinquem, ela está presente em todos os recantos, sempre separando os meus filhos dos seus filhos, sendo os meus melhores que os seus, em vez de encararmos a problemática de que os nossos filhos vivem dias difíceis e enfrentam questões que nós não enfrentamos e precisam de nosso apoio e não de nossa conivência e superproteção.
Às vezes, mães que eram amigas se distanciam e perdem a amizade por causa de brigas de seus filhos pequenos, cada uma achando que o seu filho está certo e o filho da outra está errado. Se agridem, se ofendem, se tornam inimigas e, quando veem, as crianças já fizeram as pazes e estão brincando juntas novamente, sem se importarem com quem estava certo ou quem estava errado, prevalecendo o bom entendimento.
Certa vez ouvi um pai que dá tudo à filha única questionar o fato de um outro pai, divorciado, ter dado um presente caro a um de seus filhos, como se filhos de ex-casamentos fossem ex-filhos ou menos merecedores de afeto e atenção pelo simples fato de o casamento de seus pais ter acabado.
Não há nada errado em acharmos os nossos filhos lindos, encantadores, talentosos e especiais, devemos achar mesmo – principalmente quando eles são – e ajudá-los a construir uma autoestima sólida, o que só os fortalecerá no percurso de suas trajetórias. A sabedoria está em termos ciência de que a mesma lente que usamos para ver os nossos filhos, os outros pais usam para ver os deles, ou seja, para os pais, os seus filhos sempre são especiais, só que não há nada de concreto que torne os nossos filhos mais especiais que os filhos dos outros, porque todos os seres humanos têm seus talentos e suas falhas, seus méritos e seus deméritos.
A grande questão é que o fato de amarmos, venerarmos e até idolatrarmos os nossos filhos não faz deles criaturas especiais, por mais que pensemos o contrário. Eles são, sim, especiais para nós, mas, isso não torna correto que os coloquemos em pedestais e desprezemos os filhos dos outros e desrespeitemos ou tripudiemos as atitudes deles para com os seus. O amor que devotamos aos nossos filhos sempre será maior que o que devotamos aos filhos dos outros e anormal seria se não fosse assim, mas, o respeito deve ser o mesmo e, às vezes, dependendo das atitudes e da conduta dos nossos filhos e das dos filhos dos outros, esses merecem respeito maior que os nossos.
Quando o filho de alguém mata o filho de outro alguém, é horrível para os pais do que foi morto, mas também é horrível para os pais do que matou. Ninguém quer ter um filho assassinado, mas, sobretudo, ninguém quer ter um filho assassino.
A verdade é que os meus e os seus são igualmente valiosos e importantes e o que realmente importa é deixarmos de distorcer a realidade, estarmos atentos e zelarmos por todos, a fim de que este mundo tenha jeito e se consertem as coisas que precisam ser consertadas, afinal, somos todos filhos de um Pai único que não faz distinção de pessoas, por isso, os meus importam tanto quanto os seus e, juntos, eles são os nossos e representam o orgulho da nossa história e a continuidade do que somos, o futuro de nossa geração.

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