Imagine uma imensidão de mar. Perdido nas águas e na infinidade do oceano, um pequeno barco com dois tripulantes. Um decide remar para frente; outro, para trás. Ambos discordam da direção que devem tomar. Ficam ali parados por vários dias. Passam por tempestades, pela fome e sede, porque deixaram o ego tomar conta de si. As incertezas sobre a direção que deveriam navegar tiveram consequências drásticas. Já não há mais força física e mental para continuar com suas incertezas. À deriva, ficaram os seus corpos sucumbidos. Isso comprova que não há caminhos para aqueles que discordam e que não abrem espaço para o diálogo pacífico. Não há esperança para aqueles que estão no mesmo barco e que desejam que o remo do outro se quebre. Isso não tem nada a ver com barcos, oceanos, remos e navegadores. Refiro-me à escola e ao corpo docente.
Se existe um lugar onde todos estão navegando para o mesmo destino, este lugar é a escola. Equipe unida é sucesso de trabalho e resultados. Creio que o cúmulo do absurdo profissional é professor torcer contra o próprio colega de trabalho. Não há espaço para este comportamento. O trabalho docente já é difícil. Aliado às condutas promíscuas, torna-se mais difícil. Há tempos que ouço que o ambiente escolar deve ser um lugar acolhedor para o aluno. Mas e o bem-estar entre os professores? E a união da equipe, dos funcionários e corpo docente? O problema é que o sistema só pensa no aluno. Não há um trabalho da Secretaria de Educação para falar sobre a importância da boa convivência e da união dentro do ambiente de trabalho escolar.
Há uma frase que gosto muito de Erasmo de Roterdã em que ele diz o seguinte: a primeira fase do saber é amar os nossos professores. Todos esses anos trabalhando como docente pude ver o amor e ódio no ambiente de trabalho. Eu nunca aceitei nada que não fosse o amor e respeito no meu círculo de trabalho. Eu convivi com os dois: amor e ódio. Com o amor e o respeito eu retribuí em dobro; com o ódio, eu retribuí respeito e amor. Ódio não se devolve com ódio. Os professores precisam saber que não se navega sozinho num barco abastado de pessoas que querem seguir caminhos diferentes. A escola deve seguir um único caminho: o do conhecimento. Antes disso, é preciso navegar pelas águas do respeito, da empatia, da união e do amor. Estamos navegando em águas além-mares. Se não estivermos unidos, o barco afunda e todo mundo perde. Todo mundo, sem exceção.