Quem não soube a sombra, não sabe a luz

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É muito comum ouvirmos as pessoas, sobretudo os jovens, dizendo que não querem sofrer, que não gostam de sofrer, por isso, buscam, a todo custo e de todas as formas, uma vida composta apenas de alegria e prazer. Buscam o impossível, obviamente.

Esta semana, ouvindo uma bela canção de antigamente (porque, infelizmente, as canções de hoje são muito poucas as que valem ser escutadas, não me lembro de uma safra tão ruim de música como a que temos agora), me deparei com a profunda e bela frase: “Quem não soube a sombra, não sabe a luz”. A música é “Teu sonho não acabou”, do Taiguara, um bálsamo para os ouvidos.

Essas palavras me causaram um grande impacto. Além de ser uma frase muito bem construída, ela é muito verdadeira. Quando só se pretende viver no conforto, nos prazeres, na facilidade, não se consegue sequer dar valor à luz. O nascer do sol é sempre tão bonito por ser precedido pela noite, pela escuridão. Se fosse sempre dia, sempre claro, isso seria cansativo e sem sentido.

A noite, o escuro, a sombra podem ser perturbadores, mas também oferecem a oportunidade do repouso, o isolamento da agitação, o silêncio, a reflexão. Quando tudo é fácil, quando tudo nos vem de mão beijada, mais cedo ou mais tarde, acabamos “enfiando o pé na jaca”, como se diz popularmente. E, quando surge um grande sofrimento para quem se habituou apenas às facilidades e ao prazer, o tombo pode ser tão grande que se corre o risco até de não se levantar mais.

A virtude está no equilíbrio, na justa medida entre uma coisa e outra, principalmente, no suave encontro entra a sombra e a luz que trazemos dentro de nós. E, quem não consegue olhar para a própria sombra ou sequer admite que tenha regiões sombrias dentro de si, ainda está na infância da alma, mas, uma infância tosca, desprovida de inocência, uma infância de ignorância, egoísmo e superficialidade.

Ninguém é feliz o tempo todo, ninguém sabe tudo e nem está bem o tempo todo. Mesmo sem perceber, caminhamos sobre uma corda bamba e, ora pendemos para um lado, ora para o outro, e o nosso sucesso e a conquista da assertividade está em conhecermos bem os dois lados dessa equação.

A expressão “não soube a sombra” nos remete ao passado, aos desafios enfrentados, à experiência do sofrimento, do aprendizado, às quedas, às marcas da dor, às dificuldades vencidas. Quem sofreu, sobretudo quem bem sofreu, quem aceitou os reveses da vida com resignação e esperança, tem muito mais sensibilidade para captar a luz, para se alegrar com pequenas coisas, para comemorar pequenas conquistas.

O sofrimento não é algo que devemos andar à procura, mas, sendo ele inevitável, também não é algo de que devamos fugir, nos esconder ou, pior, tentar ignorar, mergulhando em hábitos que acabam se tornando vícios e nos levam a nos perder de nós mesmos.

Durante muito tempo, eu pensei que o que eu mais gostasse em mim fosse a minha luz, os dons, as qualidades, as capacidades, o lado mais sereno. Mas, já vivi o bastante para aprender a considerar importante e respeitar também a minha sombra, pois, sem ela, a minha luz não significaria grande coisa.

É o mesmo que comer sem fome. Pode-se estar diante de uma mesa linda, com variados petiscos e pratos muito bem preparados, mas, sem fome, sem apetite, aquilo pouco significará. Poderemos até comer, mas, não conseguiremos saborear. Já, se estivermos com fome, um simples pedaço de pão com uma xícara de café ou um prato de arroz com ovo parecerão um banquete.

Faz muitos anos que eu não choro, e um dia desses me lembrei de uma época em que dificilmente eu passava um dia sem chorar, uma época em que eu não via solução para os meus problemas e nem alívio para a minha dor. No meio do mais cruel penar, ouvi de meu filho: “Mãe, não se desespere, tudo passa. Um dia a senhora será tão feliz que vai rir disso que está vivendo agora.”

O tempo da felicidade chegou, muito maior e mais intenso do que eu jamais pude imaginar. Mas, eu não me esqueci do passado, apenas o deixei no lugar dele, e sempre que posso eu volto os meus olhos para contemplar aquele tempo e aquelas circunstâncias com respeito, pois, não fosse tudo de ruim que vivi, hoje eu não saberia apreciar tudo o que vivo, tudo de bom com que a vida me presenteou.

A música terminou e eu fiz questão de ouvi-la mais uma vez, com o coração cheio de gratidão. Graças a Deus, eu soube a sombra e, por isso, hoje posso saber a luz.

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