Semana 97

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E no caminho da capital de Roraima, fiz uma parada na cidade de Pacaraima e fui direto para a prefeitura pedir um lugar para repousar e fui levado pra chácara do Edmar e da Nezilda, que sempre recebem os viajantes. Fui muito bem recebido, dormi que nem criança, acordei, agradeci à família e segui rumo a Boa Vista, mas até lá, eu teria que fazer uma parada no meio do caminho, na vila de Três Corações, a única que existe entre a fronteira e a capital, onde cheguei, parei num bar na beira da estrada e fiquei, falando português, tomando guaraná e comendo coxinha, até escurecer, quando fui atrás de lugar pra dormir.
Me mandaram lá pra maloca central, e eu fui. Estava tudo escuro, um calor da peste, eu só tinha a minha antiga barraca que mais parece um forno. Fiquei mentalizando um ventilador, acreditei que ele viria. Bem na frente da maloca, um moleque chamado Kalebe, tocava violão, no quintal do sítio… bom, nem preciso dizer o fim da história. Ele me disse que eu poderia armar a barraca ali no quintal, e enquanto eu armava eu ouvi ele dizer: “Tu não quer um ventilador?”. Olhei pra ele com cara de tonto e disse: arrannnnnn!
Dormi fresquinho, acordei com os galos e segui. Estrada vazia, o mundo era meu. Agradecido demais por estar pedalando novamente no meu Brasil, ainda mais naquela região, me adentrando ao pulmão do mundo, chegando num dos lugares mais incríveis e misteriosos dessa Terra, a Amazônia. Pedalei mais 100km até Boa Vista, onde me encontrei com mais alguns novos amigos, gente muito boa.
Quando eu ainda estava na Colômbia, iniciei contato com um cara (que eu ainda não conhecia) chamado Rafael Parra, que também está pedalando pela América. Ele me disse que estava em Boa Vista, e que ainda iria ficar um tempo por lá. Logo me colocou em contato com o Kayo Soares, que também é cicloturista e recebe todos os que passam pela cidade, e agora seria a minha vez de compartilhar histórias com esse grande guerreiro da Amazônia. Digo isso porque o moleque é invocado, e já pedalou por quase todas as inóspitas e temidas estradas amazônicas, e a maioria das vezes sozinho, coisa de gente grande.
Além do Kayo, da Natalina e do Rafael, também conheci mais um bando de gente boa. Todo os dias na hora do almoço eu ia pra entrada do restaurante universitário da UFRR vender minhas fotos, e nessa brincadeira pude conhecer muita gente. De noite, íamos pra praça central, eu com as fotos, o Rafael com seus chaveiros de bicicletinha e o Kayo com um outro dom que Deus lhe deu, o de desenhar pessoas, todos ali fazendo um dinheirinho pra realizar os sonhos dessa vida.
E depois de dias de tranquilidade na pacata capital, segui viagem rumo a Manaus, mas não fui sozinho. O guerreiro da Amazônia foi comigo. Não acreditei quando ele me disse que me acompanharia, fiquei feliz demais, tanto pela companhia, como pela tranquilidade de pedalar por aquela região com alguém que já conhece o caminho como a palma da mão. Foi a décima primeira vez que Kayo fez esse trajeto de Boa Vista a Manaus, ou seja, entreguei tudo em suas mãos e relaxei: “Você que manda meu irmão, eu só te sigo”.
E então nos mandamos, por uma estradinha de terra muito tranquila, cheia de vilazinhas pelo caminho e pessoas de bem com a vida. No primeiro dia, paramos pra cozinhar às margens do rio Cachorro. A ideia seria comer, descansar e seguir viagem. Comemos, armamos a rede, dormimos e quando acordamos, olhamos um pra cara do outro e dissemos: Vamos ficar? Vamos.
Passamos a tarde e a noite ali, conversando, no meio do mato, tomando banho de rio e inventando qualquer coisa pra fazer.
Dormimos muito, acho que das 22h às 9h da manhã. Começamos tarde o pedal, e seguimos até a vila do Km 75, aonde chegamos já de noite e dormimos num barracão da vila. Noite mal dormida. Um calor insuportável e uma quantidade impressionante de pernilongos, sem falar que era fim de semana e a mulecada estava animada com suas motos e escapamentos explosivos.
Dormi pouco, mas acordei bem, e no dia seguinte, uma grande saga… 95km de estrada de terra, com subidas empinadas, depois mais 20km de asfalto, até chegar na fazenda do Seu Jorginho, e ai a história vai ficando cada vez mais legal, mas os deixarei curiosos sobre este desfecho e contarei tudo no próximo diário.
Um beijo à todos!
Beto.

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