Separar para aproximar

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Há casais em que os parceiros valorizam tanto a individualidade que nem parece que fazem parte de um casal, se assemelham mais a dois estranhos dividindo casa, contas e alguns problemas, mas sem conseguirem estabelecer um nível mínimo de intimidade que permita levar o relacionamento adiante. Outros há, porém, nos quais os parceiros abrem mão de suas individualidades de tal forma que acabam se confundindo um com o outro e perdendo a noção de quem realmente são. Nenhum desses extremos é bom e quase sempre culminam no fim traumático da relação.
Quando nos apaixonamos por alguém, nosso desejo natural é ficar junto com a pessoa, se possível pela vida toda, e é exatamente isso que prometemos quando nos casamos na Igreja: até que a morte nos separe. Estar juntos é uma arte e, como toda arte, tem muitas etapas e graus de dificuldade até chegar ao seu ápice. Nem sempre é fácil, mas também não é nenhum bicho de sete cabeças. Além do mais, nem tudo o que é fácil é bom. Estar juntos, manter a harmonia é uma construção contínua e pode ser uma das maiores fontes de prazer, saúde e longevidade, se bem vivido. Da mesma forma, pode ser uma fonte de tortura e sofrimento e até mesmo culminar na morte de um dos dois (pelas mãos do outro!).
Quando o par vive distante demais, é preciso avaliar o que estabelece barreiras entre os dois e se esforçar para derrubar essas barreiras, ou ao menos contorná-las, a fim de estabelecer uma convivência pacífica, amorosa, sincera e prazerosa, afinal, ninguém se une para sofrer. Será preciso mesmo ter senha do celular, esconder do outro o quanto ganha, ser mais leal aos amigos do que ao companheiro/a? Sem confiança e cumplicidade a coisa não dá liga. Precisamos tentar conhecer o outro e deixar que o outro nos conheça, sermos abertos, sinceros, acessíveis.
O outro extremo também é verdadeiro. Casais que fazem tudo juntos, pensam juntos, respiram juntos, ganham juntos, gastam juntos, podem acabar tão confundidos um com o outro que perdem a identidade e, muitas vezes, passam a ser e a agir em função do outro. É comum em casamentos assim, simbióticos, nos quais um parece se alimentar da dependência do outro, haver situações de abuso ou de cansaço. Se o outro pensa como eu, age como eu, escolhe como eu, estou praticamente casado/a com um outro eu e isso, se no princípio parece uma identificação satisfatória – Nossa, ele/a é minha alma gêmea! – com o tempo, vai se tornando enfadonho, previsível, sonso e sem graça. Perde-se a capacidade de surpreender, de encantar, de causar admiração.
É muito gostoso, numa relação, quando a gente vai falar uma coisa e o companheiro fala a mesma coisa ao mesmo tempo, isso se chama sintonia, mas, é terrivelmente maçante quando o outro abre a boca e você já nem presta atenção porque sabe o que ele vai falar. Com o tempo, esse tipo de relação muito grudada, muito misturada, acaba ficando cinza e o parceiro ou a parceira acaba se tornando como que parte da paisagem, da mobília, algo que a gente gosta, que é útil, mas que não nos fascina, não nos arranca suspiros, não estimula o diálogo (onde as divergências são tão importantes quanto as convergências).
É muito bom o casal administrar as finanças e fazer planos juntos, por exemplo; terem uma reserva financeira em comum ou simplesmente dividirem as contas, mas, é importante cada um ter o seu dinheiro, ao menos tentar separar uma parte de seus ganhos, saldados os compromissos da casa, da família, para gastar consigo mesmo, sem precisar dar satisfação do uso que fez de um determinado valor; poder ter como presentear o outro, surpreender com um convite para sair. Se as finanças se tornam apenas um fundo comum, dinheiro da casa, não demora a virem as brigas, porque nunca sobra, nunca dá, tudo some num escoadouro sem fim.
Nesse quesito, pior ainda quando um dos dois, por comodismo ou devido ao controle do parceiro, se torna dependente e precisa pedir dinheiro sempre que tiver alguma necessidade. É comum pensarmos em mulheres que são dependentes de seus maridos e não têm autonomia para gastar como queiram, mas, também é muito verdadeiro que algumas mulheres gerem as finanças do casal e são verdadeiras tiranas, regulando cinco reais para o marido tomar um refrigerante.
É importante que cada um tenha as suas atividades, os seus amigos, tempo livre para estar com sua família de origem, desenvolver seus hobbies, ter seu cantinho especial na casa, liberdade para ouvir as suas músicas, meditar, rezar ou apenas estar só, sem fazer nada. Essas atitudes simples valorizam a relação e ajudam a valorizar o outro, a perceber o outro, que não é um prolongamento nosso, mas alguém que um dia nos cativou a ponto de desejarmos estar juntos e deixar tudo o mais de lado para construir uma vida a dois. Muitas coisas podem e devem ser feitas juntos, mas, é fundamental que cada um tenha liberdade de cultivar o seu próprio jardim.
Meditemos nas maravilhosas palavras do poeta Khalil Gibran:

“Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor uma prisão.
Enchei a taça um do outro, mas não bebais de uma só taça.
Parti o vosso pão ao meio, mas não comais do mesmo pedaço.
Cantai e dançai juntos, mas deixai que cada um de vós fique sozinho,
como as cordas de uma lira estão sozinhas, embora vibrem ao som da mesma música.
Ficai juntos, mas não demasiadamente juntos, pois os pilares do templo estão afastados, e o carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro.”

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