Todos nós somos vendedores

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A minha vida inteira eu repeti duas frases: “Odeio vender” e “Não sei vender”. No entanto, recentemente, ouvi uma pessoa discorrendo sobre o poder das crenças limitantes que tomamos como verdade e passei a encarar com outros olhos o ato de vender.

Sempre achei que a vida se dividisse em vendedores e compradores, encarando que há um número limitado de pessoas que se entregam ao ofício de vender e todos os outros seres humanos do mundo, que estão na posição passiva de comprar. Me enganei.

Na verdade, todos nós somos vendedores e fui convencida disso com a afirmação de que, se você não se acha capaz de vender, é porque precisou ou precisa vender algo de que não gosta e no que não acredita. Essa afirmação me remeteu às minhas duas décadas de serviço como bancária, quando a palavra “bater metas” era o meu grande pesadelo.

Assim como vários outros profissionais, a minha função me obrigava a vender algumas coisas e existia um tirano chamado gerente cuja única função na vida parecia ser a de exigir que seus subordinados batessem as metas de vendas continuamente.

Lembro-me que uma vez, mesmo a contragosto, consegui ser convencida por uma colega de equipe que, se nos uníssemos em uma espécie de mutirão e déssemos o máximo, juntos conseguiríamos bater as metas da agência. A proposta dela era a de que, em vez de cada funcionário tentar bater as suas metas individualmente, juntássemos todos os números e as metas passariam a ser de toda a equipe. Aqueles mais habilidosos nessa prática se deslocariam de suas funções, sendo apoiados pelos que vendiam menos, que, por sua vez fariam mais tarefas burocráticas.

Foi uma ótima estratégia e, pela primeira vez, em muitos meses de esforço e frustração, unidos conseguimos bater as metas da agência antes do prazo estipulado. Então, alguns de nós foram participar de uma reunião na gerência regional e, confesso, senti vontade de chorar ou simplesmente deixar aquele emprego e ir embora para casa. Em vez de nos cumprimentar, o gerente regional (unanimemente detestado por todos), ao ser notificado sobre o nosso excelente desempenho, escolheu duas agências que estavam bem longe de conseguir bater as suas metas e passou 50% dessas metas para a nossa agência.

Quando nossa encarregada tentou protestar ele disse: “Metas são para ser perseguidas, não para ser alcançadas. Se vocês venderam tudo, nada mais lógico do que ajudarem os colegas de outras unidades a venderem também”. Quando retornamos para a nossa agência o clima era de derrota e frustração total. Fizemos uma reunião para debater o assunto e nunca vi tanta gente desmotivada, revoltada e infeliz. Sem “parabéns”, sem “muito bem!”, sem “muito obrigada!”, entramos na reunião da regional com a meta batida e retornamos com outra meta do mesmo tamanho.

Natural que eu odiasse vender! Sobretudo, por não acreditar no que vendia: seguros, previdência privada, títulos de capitalização. Coisas que as pessoas não queriam comprar, que não resolveriam os seus problemas e nem atenderiam aos seus anseios. Então, falar de vendas para mim, era me deixar frustrada e aborrecida. Tanto que acabei pedindo transferência para uma área interna do banco, onde fui trabalhar como analista de processos.

Agora, aposentada já há vários anos, ouvindo a explanação do palestrante, eu tive uma outra visão sobre o assunto. Para ele, a vida é um grande comércio e todos nós somos, ao mesmo tempo, compradores e vendedores e, mesmo que, aparentemente, não tenhamos nenhum produto vendável, estaremos vendendo a nós mesmos, nossos talentos, nossa disponibilidade. E, embora a venda pressuponha um pagamento, a moeda nem sempre é o dinheiro. Nós podemos vender soluções, vender sonhos, vender esperanças. Coisas que as pessoas necessitam, que elas buscam, que elas desejam. Coisas que satisfazem, que auxiliam, que causam prazer e trazem alegria.

Acredito que ter sabido disso no passado não teria me feito ver as metas com outros olhos e nem gostar de vender seguros e títulos de capitalização, mas, provavelmente, teria dado à minha vida outro Norte, outra direção e eu poderia ter proporcionado mais alegria a um grande número de pessoas, incluindo a mim, porque eu poderia vender a elas o que eu realmente tenho de bom.

Então, se posso dar um conselho a quem ainda sofre com a pressão para o cumprimento de metas, dou logo dois: tente gostar e acreditar no produto que você vende, não faça isso apenas para cumprir o esperado, mas para beneficiar pessoas. Mas, se o que você vende ou é obrigado a vender não faz nenhum sentido para você e nem é bom para quem esteja na posição de comprar, mude de emprego, não se violente e não engane as pessoas apenas para cumprir metas que nem são suas.

E se alguém lhe disser que metas não existem para serem cumpridas, mas sim para serem perseguidas, pegue um saquinho, corte o fundo e dê para esse babaca, pedindo que ele (ou ela) o encha de água e saia de perto dessa pessoa tóxica que jamais vai conseguir respeitar você, seus colegas e os clientes para os quais você precisa vender.

Vender deve ser um ato de amor e a única meta que realmente vale a pena na vida é a meta de ser feliz e fazer feliz quem caminha com você. O resto, é papo de gerente, de diretor e de toda uma hierarquia de gananciosos para os quais o elemento humano é o que menos importa, desde que o lucro esteja garantido. Se ligue em você!

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