Um cabo, um soldado e quatro anos de doutrinação

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Em um vídeo postado nas redes sociais em outubro de 2018, às vésperas das eleições que levariam o seu pai ao poder, o deputado federal Eduardo Bolsonaro afirmou que “bastam um soldado e um cabo para fechar o Supremo Tribunal Federal”. A afirmação foi dada em resposta a um questionamento sobre uma possível ação do Exército, caso Bolsonaro fosse impedido de assumir a Presidência por alguma decisão do Supremo.

Um deboche que, analisado hoje, deixa claro que o medo sempre conduziu essa nefasta família que parece ter alimentado a intenção de se perpetuar no poder. Ad infinitum, talvez, quem sabe num governo que, sem o STF e sem oposição (como se isso fosse possível), poderia passar de pai para filho. Não faltariam candidatos à sucessão, a menos que se matassem entre si, o que não é improvável.

De acordo com matéria publicada no dia 21/10/2018, pela Agência Brasil, e reproduzida por muitos veículos de comunicação, o nobre deputado, em uma palestra para uma plateia de estudantes, explicou a estratégia para o fechamento do STF, com a ironia peculiar ao clã, um pouco mais refinada nele, temos de reconhecer. “Se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo”.

Bem, hoje, diante da barbárie ocorrida em Brasília no último domingo, 8 de janeiro, fruto do legado político dessa família de nenderthais – sem querer desmerecer os nenderthais –, podemos dizer que o deputado subestimou um pouco a fragilidade do STF. O ataque ao Supremo, e às sedes dos poderes Executivo e Legislativo, não pode ser feita apenas com um soldado e um cabo. Precisou da escolta de alguns veículos da polícia e a conivência de um número bem maior de militares, alguns de patente bem mais elevada que a prata rasa da Polícia Militar e do Exército Brasileiro.

E precisou também da doutrinação persistente e muito bem elaborada de uma grande parcela da população brasileira, que se deixou levar na onda de um bravo grupo de anti-heróis da pátria, liderados por um tirano deslumbrado, vergonhosamente chamado de mito, o que, sem dúvida, conspurcou o Olimpo.

Dessa forma, para que a “Festa da Selma” pudesse se concretizar, foram necessárias algumas viaturas, muita conivência, um bom suprimento de água de coco e um imenso regimento de zumbis, levados ao auge da euforia por uma insistente retórica alimentada por quatro anos fake-news.

Fiquei extremamente chocada com a bandalheira, a sujeira, a destruição, a falta de respeito pelo patrimônio público, pela arte e até mesmo por peças de cunho religioso, como um crucifixo arrancado e jogado ao chão pelos “defensores da pátria, família e religião”. Que pessoa que tem uma família aceitaria que um arruaceiro entrasse em sua casa e, em poucos minutos, a destruísse completamente?

Não, essa gente não sabe o que é família, o que é bem comum e, muito menos, o que é religião. Eles têm um messias, sim, mas um messias cujo nome e sobrenome é bem conhecido de todos e dá nojo pronunciar. Não é o Messias da Bíblia, não é o Messias do amor. É o agente do caos, da inveja, da mesquinhez e da destruição. E, claro, das cólicas intestinais quando a situação sai de controle. Parece que nos Estados Unidos essa armação não colou.

Como disse, fiquei chocada com tudo o que vi e custei a acreditar que aqueles indivíduos pertencem à espécie humana, porque pareciam bichos. Não, bichos não. Eu convivo com bichos e eles não são capazes de tal atrocidade. O que presenciamos no dia 8 de janeiro é inominável, uma histeria coletiva que nem os psiquiatras mais experimentados podem explicar.

O que me deixou mais triste, porém, é que, na segunda-feira, os doutrinados já estavam recebendo e repassando mensagens de que os destruidores não eram os “patriotas”, que eram militantes do PT e do PSOL, infiltrados, e que toda aquela baderna foi provocada apenas para que se retirassem os “pacíficos” manifestantes boa-vida da frente dos quartéis! Eu quase desmaiei quando recebi uma mensagem com esse discurso, porque ela me foi enviada por uma pessoa boa, uma pessoa simples, mas que, infelizmente, se deixou hipnotizar.

Graças a Deus, não tenho muitos amigos nessa horda, apenas alguns conhecidos, mas, gostaria de ter o poder de falar com essa multidão de iludidos e tentar trazê-los à razão, ao menos para reconhecerem a incoerência da retórica com que são assediados todos os dias, a ponto de não conseguirem mais raciocinar por si mesmos. E lhes faria uma única pergunta:

“Se a destruição foi provocada pelos infiltrados da esquerda, por que vocês estão tão preocupados com os presos levados para a Colmeia e a Papuda? Deveriam estar felizes por haver quase mil esquerdistas a menos neste Brasil varonil!”

Este caos que presenciamos, começou lá atrás, e o deputado Eduardo Bolsonaro é, sim, um dos responsáveis, com essa sua conversinha mole de um cabo e um soldado para fechar um Poder. Como a sua fala pegou mal, hipocritamente, ele respondeu, em sua conta do Twitter, alguns dias depois da repercussão: “Se fui infeliz e atingi alguém, tranquilamente peço desculpas, e digo que não era a minha intenção.”

Era a sua intenção, e muitos desiludidos e desesperançados caíram na lábia deles, foram lentamente sendo doutrinados e deu no que deu. Mas, o dia dessa corja ainda vai chegar, porque essas pessoas estão hipnotizadas, estão doentes, mas, a loucura tem cura e isso vai passar. Agora, a maldade, a hipocrisia e a falta de caráter não saram. Não saram, mas, não duram para sempre, porque existe uma Suprema Justiça e o mal sempre perde no final. E eles representam o mal. Que Deus tenha misericórdia dos iludidos, porque, um dia, eles irão acordar.

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