Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da USP (Forp) analisou as consequências dos cigarros eletrônicos, também conhecidos como ‘vapes’, nos tecidos dos dentes. Após testes e análises, foi observada a desmineralização do esmalte e dentina, além das facilitações para as cáries agravadas pelo aquecimento do líquido do cigarro.
Para simular o uso constante do vape, foram utilizados uma máquina de teste para o cigarro eletrônico e um protocolo que consistiu em inalar tragos de três segundos, com intervalos de um minuto entre cada trago.
A simulação, no total, durou 104 horas e utilizou 52 ml de e-líquido (substância que é vaporizada e inalada pelo usuário), que contém em média 50 mg de nicotina por ml, o que totaliza 2.600 mg de nicotina. Segundo os pesquisadores, a quantidade média de nicotina em um cigarro é de 1,6 mg; desta forma, o protocolo utilizou o equivalente a 1.733,33 cigarros ou 86,6 maços de cigarro.
Ao falar estritamente da relação entre o uso do cigarro eletrônico e a cárie, a professora responsável pela pesquisa, Aline Gabriel, enfatiza o enfraquecimento do esmalte dos dentes, que se tornam mais suscetíveis à cárie devido a um processo chamado desmineralização, o que demonstra a perda de resistência do dente.
Além disso, a professora ressalta as maiores irregularidades na superfície do esmalte após o uso do vape, que, “combinadas com o vapor do líquido do cigarro eletrônico que se acumula nos dentes, facilita a adesão da bactéria Streptococcus mutans”.
Essa bactéria utiliza os componentes do líquido para formar uma película de microrganismos que aderem ao dente, desmineralizando a superfície do esmalte e comprometendo sua estrutura, o que deixa os dentes mais vulneráveis.