No mês de janeiro, a Paróquia de São Bendito acolheu o padre Paulo Cezar Mazzi. Natural de Guariba, ele foi transferido da Paróquia São Sebastião, de Taquaritinga, e chega para comandar os trabalhos como pároco da Comunidade, substituindo o Pe. Fábio Ferreira Senna, que passa a exercer sua função na Paróquia Santa Rita de Cássia, de Vista Alegre do Alto.
A missa de posse aconteceu na igreja Matriz de São Benedito e foi celebrada pelo Bispo Diocesano Dom Eduardo Pinheiro da Silva, no domingo, dia 29 de janeiro.
Paulo Mazzi, em entrevista ao O Imparcial, relata detalhes sobre sua caminhada na vida religiosa ao longo de 27 anos de ordenação.
O Imparcial – Você acredita que a vocação para se tornar padre foi como um “sinal de Deus”, ou foi algo mais trabalhado, mais desenvolvido?
Pe. Paulo Mazzi – O primeiro impulso foi com 18 anos, em meio a uma greve dos cortadores de cana, em 1984, em Guariba. Eu trabalhava na usina Santa Adélia. Como a greve fazia os piquetes nas entradas da cidade, nós não tínhamos como ir trabalhar, então eu ia ao campo de futebol, onde aconteciam as assembleias. Lá, eu via o padre Braguetto, que ajudava a fazer o diálogo entre os usineiros e os trabalhadores, e aquilo me chamou a atenção. Ao mesmo tempo, como sou o único filho homem, e meus pais são separados, eu tinha muito medo de desamparar minha mãe e minhas duas irmãs, então não fui para o Seminário. Até que, cinco anos depois, em 1989, surgiu um padre em Guariba que revolucionou a Comunidade. O jeito que ele deu vida à Paróquia, aquilo me fez renascer, e não querendo ser presunçoso, mas eu nasci para isso, eu me realizo assim.
O Imparcial – Onde estudou?
Pe. Paulo Mazzi – Nós morávamos em Brodowski. Estudei na faculdade Claretiano de Batatais, três anos de Filosofia, para trabalhar o pensamento, para ensinar a pensar de maneira crítica, e quatro anos de Teologia, em Ribeirão Preto.
O Imparcial –Você já havia celebrado missas e participado da vida religiosa no município, mas foi transferido para a Paróquia São Sebastião, de Taquaritinga. Como foi essa sua passagem?
Pe. Paulo Mazzi – De 2018 a 2021, eu ajudei na Paróquia do Senhor Bom Jesus, aos finais de semana. Durante a semana eu trabalhava como reitor no nosso Seminário em Brodowski. Monte Alto é uma cidade que eu sinto, positivamente, muito religiosa, que tem uma aderência à fé, digamos assim. As pessoas buscam a Deus.
O Imparcial – Qual o sentimento de estar assumindo uma responsabilidade maior, que é ser pároco de uma Paróquia?
Pe. Paulo Mazzi – Como pároco, além de você ser um pastor que cuida da parte espiritual, pastoral, você tem a responsabilidade com a parte administrativa, o que é muito desgastante. De fato, é uma responsabilidade maior.
O Imparcial – Já passou pela sua cabeça, em algum momento, desistir?
Pe. Paulo Mazzi – Sim, algumas vezes, sim. Nós todos passamos por isso e, quando se tem um projeto voluntário, um projeto de fazer o bem para a cidade, você passa por isso. Sentimentos de ingratidão, isso te dá uma sensação de perda de sentido.
O Imparcial – O que os fiéis podem esperar do Pe. Paulo à frente da Paróquia São Benedito?
Pe. Paulo Mazzi – Eu estou dando sequência a um trabalho que outros padres já fizeram, e vou tentar dar o meu melhor, do meu jeito, com a minha personalidade. Eu preciso evitar ser messiânico, no sentido de achar que eu vou salvar a Paróquia, porque estou aqui para colaborar. Eu sou mais um para somar.
O Imparcial – Qual mensagem você deixa para os munícipes e fiéis?
Pe. Paulo Mazzi – Tomem cuidado com o desânimo. Não se deixem contaminar pelo desânimo de um resultado não alcançado, em qualquer âmbito da vida. Perceba que a vida tem uma dinâmica de ganho e de perda, de luz e de escuridão, de força e de fraqueza. Dentro dessa dinâmica, Deus está chamando para viver a vida e escrever sua história. Há uma razão pela qual nós existimos e não podemos medir nossa existência apenas pelo resultado que nós fazemos. Mais do que você se definir pelo que você faz, é saber que você vale por aquilo que é.