Cada um dá o que tem

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     Lembro que quando mocinha o Sambalanço abrilhantava as matinês de carnaval cantando marchinhas que se fixavam em nossa memória. Uma delas dizia: “Cada um dá o que tem e quem não tem como é que vai ficar? Vai ter que pedir, vai ter que pedir, não sabe se vai ganhar.” É uma frase aparentemente simples, mas que carrega em si grandes verdades, a principal delas é a de que cada um só pode dar daquilo que tem. 
     Ao longo da vida, muitas vezes, em vez de acumularmos, nós desperdiçamos e quando chega nossa vez de dar, nos vemos vazios e carentes, nos acostumando a nos colocarmos na posição de pedintes, quando não de exigentes, como se o mundo girasse em torno de nós e todos tivessem a obrigação de nos dar prontamente aquilo que pedimos ou de que precisamos. 
     Claro, o ideal seria que todas as pessoas trouxessem em si imensos reservatórios de amor, carinho, solidariedade, ternura, apoio, compreensão e que estivéssemos sempre prontos a distribuir e trocar uns com os outros, mas, não é exatamente isso que sucede, o que cria em nós uma sensação de vazio ainda maior, porque, além de não termos, ainda nos sentimos desprezados e abandonados por não receber, não é assim?
     Há pouco mais de um mês tive um problema de saúde que me afastou de minhas atividades. Nos primeiros dias, até ser medicada e cuidada, passei momentos horríveis, depois as coisas melhoraram um pouco, mas, ainda permaneci frágil e debilitada por um bom tempo. Então pensei: “Logo os meus amigos virão me visitar. Bem, talvez não venham, afinal, eu escolhi morar num sítio, o acesso não é tão fácil e, como a maioria mora em São Paulo, não é tão simples assim chegar aqui. Ah, tudo bem, eles ligarão.” 
     Os dias se sucederam e as esperadas ligações também não vieram. Para não dizer que passei de todo em branco, algumas poucas amigas mandaram um ou dois torpedos. Confesso, isso me desmontou e me deixou mais pra baixo do que eu já estava e por pouco não entoei a ladainha  de “Ah, coitadinha de mim, ninguém me ama, ninguém liga pra mim.”. Minha irmã deixou todas as atividades dela e meio que se mudou para minha casa para cuidar de mim e com ela vieram meus sobrinhos, pessoas muito queridas e meu filho, sempre extremamente presente com seu amor e com seu zelo.
     Antes de ontem, com vários problemas, além da questão da saúde, me senti  particularmente triste, porém  fui tirada desse breve estado de torpor por um torpedinho que recebi de uma amiga que pareceu adivinhar o meu estado de espírito: “Às vezes, quem a gente pensa que daria a vida por nós, na verdade não daria nem um passo à frente.”. Essa frase me acordou e eu percebi o quanto é grave o que fazemos com nossas vidas, colocando enormes expectativas em algumas pessoas, achando que elas estarão sempre ao alcance de nossas mãos e de nossas necessidades, e não é bem assim. Cada um tem a sua vida, os seus problemas, as suas buscas, as suas necessidades, os seus vazios e também as suas expectativas. E, às vezes, essas expectativas são em relação a nós. Pessoas que se acostumam a nos ver como fortes, determinados, amigos pra toda hora, ficam desconcertadas quando nos veem fraquejar e sucumbir, adoecer, cair, ceder à tristeza e à dor, então, sem saber o que fazer, como agir, simplesmente se afastam.
     Por isso, devemos sempre manter os nossos reservatórios renovados e, mesmo em épocas de seca, como a que estamos vivendo neste estranho e quente inverno, alguma água precisa existir, para que possamos saciar a nossa sede e ter o que dar àqueles que esperam algo de nós. Se nossos reservatórios se esvaziarem, corremos o risco até de morrer de sede, pois podemos encontrar muita gente querida com seus reservatórios também vazios ou com pouca água. Depois dessa reflexão, serenei meu coração e carinhosamente perdoei os amigos que não vieram me ver, que não me ligaram, que não me deram o que esperei que me dessem, afinal, cada um só pode dar daquilo que tem e, quem tinha, me deu abundantemente, renovando o meu reservatório e as minhas forças e me fazendo sentir uma pessoa muito amada. Obrigada Tata, Júlia, Alan, Pa, Vilma, Luciana, Fátima, Seu Breno e meu sempre querido Darta. Graças a vocês, novamente tenho o que dar, sobretudo, gratidão e amor!

 

     Izilda Alves de Oliveira, nascida em Monte Alto, é formada em Letras pela USP, mora em Atibaia e trabalha no setor de habitação da Caixa Econômica Federal, em São Paulo. É escritora e assina seus livros como Isa Oliveira. E-mail: izilda.oliveira@usp.br

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