Diários de Bicicleta

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Na saída de Uyuni, acordamos com o mesmo frio, arrumamos tudo e seguimos sentido Chita, outra vila incrível, com 40 habitantes, casas de barro, todas com o mesmo bege do solo desértico e muita poeira. Logo que cheguei, me pediram pra não fazer barulho, pois, naquele momento estava havendo uma reunião dos moradores de Chita e das vilas da região. A pauta: Um roubo de Quínoa (uma semente alimentícia), que ocorreu por ali naqueles dias. “Justiça Comunitária” é o nome dessa reunião, onde, junto aos lideres da vila, se discute o que será feito com as pessoas que roubam. O que foi decidido nesse caso, é que os Jilak’atas iriam entrar em ação. O que isso significa: Os Jilak’atas são autoridades escolhidas pela própria comunidade, e quando algo de errado acontece, como um roubo por exemplo, o ladrão que é pego apanha em público, e somente essas autoridades é que podem chicoteá-los.
– A cultura de vocês é maravilhosa, mas eu sinto muito a falta de uma coisa.
Todos se espantaram e esperaram eu continuar:
– Eu tenho um sonho, mas vocês não me deixam realizar. O que eu mais quero é tirar uma foto com vocês!!!
Pronto, se fez o circo. A maioria dos homens deu risada, algumas “cholas” começaram a sair de mansinho e algumas delas também riram. Em meio ao bafafá que se formou, uma delas falou mais alto:
– Podemos juntar as que estão de acordo e tiramos a foto, mas não vamos mostrar a cara.
Meu Deus, eu mal podia acreditar que eu iria conseguir uma foto com elas, todas juntas, e ainda por cima tapando a cara, explicitando um traço forte da cultura “fechada” que elas têm. Com o coração disparado eu coloquei o tripé no meio da rua, olhei pelo buraquinho da máquina e me emocionei quando vi as 7 cholinhas, prontas pra foto, todas com a cara tapada. Apertei o botão e sai correndo, emocionado, me sentei aos pés delas e esperei o “click”. Quanta alegria eu senti por conseguir tirar risadas daquelas pessoas, e ainda por cima, ganhar uma foto de lambuja. Agradeço muito a vocês meus amores, se eu pudesse eu apertaria a bochecha de todas. E eu não estou nem ai se o rosto de vocês não apareceu, isso não importa, o que eu levo é a lembrança desse momento, que por ser tão simples é lindo. Na verdade, momentos como esse são especiais, pois mostram uma coisa que hoje em dia é rara: A miscigenação cultural. 
Me despedi de todos, e sai pedalando, sentido Rio Mulato. Foram 60km de muita paciência e banhos de poeira. A cada caminhão que passava, as paredes do pulmão se enchiam de areia, e assim eu fui, numa velocidade de 6, 7, 8, no máximo 12km/h. Só no fim da tarde eu cheguei na vilazinha, que por ser um pouco maior, possui restaurante, quarto para alugar e ducha quente (estávamos sem banho desde Uyuni). Uma noite ali, e mais estrada ruim pra encarar. Nesse dia eu pedi arrego, não consegui encarar as condições que me foram impostas. Pedalei por um tempo, a 5km/h, em meio a uma tempestade de poeira que não me deixava respirar. O vento estava bem posicionado em meu peito, e a cada respirada, um gole de terra seca. Não consegui aguentar e pedi carona até o asfalto, que estava a uns 60km dali. Sinto muito…
E então o Javier nos trouxe até aqui, a Challapata, onde estamos hospedados num hotel tranquilo, com chuveiro quente e pessoas bacanas. Aproveitamos pra relaxar depois de tantos dias viajando sem banho nem descanso. Ontem foi dia de faxina, limpei todos os cômodos da casa: Corrente, câmbio, alforge, pochete, roupas, tênis, toalha, gorro, panela, tudo foi pra água, finalmente. Hoje eu acordei com uma diarreia desagradável, causada por um frango que comi ontem, mas tô tomando todos os tipos de chás que existem e logo-logo eu fico bom pra pegar estrada.
Continuemos sempre na luta, na busca pela evolução, na busca por um mundo melhor, e agradecendo sempre, por tudo, até pelas coisas que não são boas.
Um beijo gigantesco a todos, estejam sempre com o querido Paizão!!!

 

    

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