Diários de Bicicleta

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Semana 4

 

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Me desculpem, mas não vou me reprimir em escrever. O diário dessa semana está mais longo por que as emoções estão muito fortes e eu preciso colocar tudo pra fora, hehehe…

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As vezes me falta palavras pra agradecer a Deus pelas pessoas que ele tem colocado em meu caminho. E a maneira como as coisas acontecem é que me deixam maluco. Como é que pode? “Ele” não faz nem cerimônia pra mostrar sua existência, promove coincidências descaradas, sinais que me deixam até sem graça e me fazem pensar: Caramba Paizão, não dá pra ser mais discreto?

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Mãe, fica tranquila, mesmo longe da nossa casinha eu percebi que eu me sinto em casa em todos os lugares e que todas as mães que me acolhem me tratam como filho, o que me faz sentir a sua presença em todas elas. Pai, a maioria dos homens que eu encontro, me dão apoio, força, me mostram o caminho, fazem piada e me falam da vida, então, não se preocupe, sua função está sendo feita por um monte de gente. Irmã, eu lembro de você a cada criança que encontro. Percebi que a coisa que mais me conforta são as crianças, as vezes quando me sinto sozinho, é só dar uma brincadinha com a primeira que aparece na minha frente e as coisas melhoram. Além de elas me remeterem o pensamento a você, Ma, elas representam a pureza e mostram que o ambiente está seguro. E para todo o resto da minha família e amigos, não tem como parar de pensar em vocês por que vocês são o sinônimo da diversão!

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Depois de Ponta Grossa, segui viagem até Curitiba. Sai no dia do natal e cheguei na capital dia 26. No meio do caminho, vi uma placa que indicava a Colônia Witmarsun, formada por religiosos Menonitas, de descendência Russo-Alemã. Estava louco pra conhecer essa cultura e entrei na colônia sem pensar duas vezes. Dei de cara com casinhas de madeira, cercadas de pastos e vacas leiteiras. Logo na primeira delas havia uma família, a qual parei pra conversar. Fui recebido pelo Kevin, que se interessou pela minha viagem e logo me convidou pra acampar no gramado da casa. Quando entrei, fui apresentado à família: pai, mãe, irmão, avô, avó, tio, tia, cachorro, todos estavam presentes e a sensação que eu tive foi de que eles já estavam me esperando. Uma educação, um olhar tranquilo, como se já soubessem que eu não estava ali com más intenções. Preparei minha comida, armei minha barraca e fui pra dentro da casinha aconchegante de clima alemão, onde ficamos até meia noite num bate papo recheado de histórias da cultura deles, histórias da vida de cada um, uma troca de informações muito gostosa. Acordei as 5h30, ainda estava escuro, arrumei minhas coisas e fui ver a família tirar leite das vacas, principal atividade da colônia. Me despedi e segui viagem. Sieghard Dyck, Marvyn, Kevin, Sali, Arlinda, Arnoldo, Vó Ida e Vô Ingo, vocês são muito especiais, muito obrigado por essa noite.

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Ao meio dia cheguei em Curitiba, fui direto pra casa do Nicolas Berhorst, meu antigo parceiro da faculdade que fez questão de dar apoio ao projeto. Até então, o Nicolas era um amigo, vamos dizer, superficial. Sempre gostei muito dele, mas como ele foi embora de Maringá em 2010, nossa amizade não se aprofundou muito. Três dias foram suficientes pra mudar isso. Sai da casa dele dizendo: Você é meu novo irmão. Que cara gente boa, cheio de energia e disposição, que me ajudou com tudo o que precisei, deu comida, me levou pra conhecer a cidade e me apresentou amigos sensacionais. Agora eu posso xingar ele o quanto quiser, ligar a hora que quiser, ficar horas trocando ideia e horas em silêncio sem constrangimento, coisas que só os grandes amigos podem fazer. Cara, tu é demais, continue sempre assim que você vai longe, muchas gracias Hermano!

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Três noites em Curitiba e lá vamos nós, eu e minha princesa branca sentido Rio Negrinho – SC, onde passaria o reveillon em um festival de arte, cultura e música. Sai de Curitiba as 14h com a  intenção de pedalar 50km, mas a viagem estava rendendo tanto que acelerei até São Bento do Sul, 100km de chuva e estrada ruim, mas mesmo assim fui bem rápido, 6 horas de viagem. Bem vindo a Santa Catarina, mais um estado que eu ainda não conhecia. Cheguei junto com a noite e com a chuva, que me impediram de conseguir um lugar gratuito pra dormir. Estava encharcado e com frio, fatores que me levaram até um hotel. Tomei banho e fiz questão de comemorar o novo estado: fui atrás de gente. Achei um quiosque dentro de um shopping, que vendia chopp e musica ao vivo. Cheguei e dei de cara com uma mesa de umas 10 pessoas cantando e gritando desvairadamente, que viram que eu estava sozinho e me chamaram pra sentar com eles. Sentei e a canseira passou, só faltou subir nas cadeiras. Meu Deus que gritaria!!! Dormi, acordei tarde e fui pro festival, que ficava a 15km dali.

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O Festival:

Cheguei com minha magrela, armei a barraca e fiquei sozinho, perambulando pelo festival, curtindo as bandas que tocavam e a chuva que não parou de cair durante os 6 dias de evento. Na janta sentei junto com um pessoal de Passo Fundo (RS) e a conversa desenrolou. Papo vai papo vem, final das contas: Passamos os 6 dias juntos, tomando chuva, pisando na lama, cozinhando, curtindo shows de Alceu Valença, Mutantes, entre outras muitas bandas, tudo isso com um sorrisão de satisfação, sem deixar a chuva e a lama estragarem o nosso bom humor. Mais uma vez, percebi que eu estava próximo a pessoas maravilhosas, que me deixaram a vontade, como se já nos conhecêssemos há um bom tempo! Como se não bastassem as coincidências, descobri que essa mesma galera vai passar o carnaval em Imbé, litoral do RS, exatamente no mesmo lugar onde eu estava programando carnavalizar. Pronto, já tenho parceiros… Ju, Fer, Baiano, Capu, Luan, Ana, Bia, Mari, Paola, Verônica e Carol, quanta diversão, foi um prazer imenso conhece-los e logo logo estamos juntos no litoral. Obrigado por tudo seus lindos.

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Fim de festa. Chegou a hora da despedida. Me despedi com aquele sentimento de sempre, de saudade antecipada e uma angústia boa de quem sente amor no peito. Quase todos foram embora de excursão, menos a Fer e a Ju, que passaram a noite na cidade de Rio Negrinho comigo. Pedalei uns 10km já de noite por uma estrada de terra e encontrei as duas na rodoviária. Fui atrás de algum hotelzinho barato, sem sucesso. Recorremos então à boa e velha barraca. Fiz amizade com os taxistas que guardaram nossas coisas e pronto, armamos a minha mini-barraca na frente da mini-rodoviária da cidade. Dormimos os 3 que nem sardinha enlatada (eee coisa boa). Acordamos, arrumamos tudo e nos despedimos. Sai dali com uma temperatura de 14°C, uma chuva que não queria parar nunca mais e um sentimento de gratidão muito grande. Pra variar, não consegui segurar as lágrimas… mas dessa vez o negócio foi feio, parecia criança com fome: De-De-Deus, mu-mu-muito obriga-ga-gado, buuuuaaaah!!!

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Isso tudo que parece um exagero, é simplesmente o que sinto por poder realizar tudo isso. Quando se está solto no mundo, o contato que se tem com o Paizão é muito grande. Como eu já disse, Ele me manda sinais a cada instante, pessoas certas na hora certa, coisas que acontecem por que devem acontecer, sejam elas boas ou ruins. Então, a lição que eu tiro de tudo isso, é que não devemos nos afobar, e sim ter paciência pra tomar nossas atitudes. Acredito que temos um caminho a seguir, um caminho que tem um roteiro traçado. O que desvia nossa vida dessa rota são os sentimentos de ansiedade, desespero, pessimismo, tudo o que nos tira o foco.

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Cada dia mais eu percebo que minha casa é a minha cabeça e que o meu quintal é o mundo, seja tomando banho de rio, usando banheiro limpo ou sujo, dormindo no colchão ou na barraca, no posto de gasolina ou na rodoviária. Hoje eu não tenho um lugar fixo pra morar, mas eu tenho as pessoas e elas são minha família, sejam elas boas ou más todas são pessoas, e nada, nada nesse mundo nos diferencia: nem a cor, nem o dinheiro, nem a bondade, nem a maldade, nem a religião, nada…

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Agora estou em Balneário Camboriú, na casa do Neto Comper, mais um grande amigo que felizmente mora no roteiro que eu tracei pra minha viagem! O que vai acontecer aqui eu vou contar depois, quando as historias estiverem completas.

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Fiquem com Deus (O Paizão), sempre!

Um beijo grande a todos!

Beto.

 

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