Diários de Bicicleta

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Semana 7

 

 

Semana 07:

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Só pra ilustrar o que foi essa semana: meu pneu estourou, explodiu, no meio de uma estrada de terra. E sabe qual foi a consequência disso: Um teto pra dormir!!!

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Conforme os dias dessa semana foram passando, mais eu fiquei ansioso pra escrever esse diário. Muitas histórias desse tipo que foram acontecendo e como sempre as consequências foram boas, como se tudo estivesse escrito. É só deixar o corpo ir, sem medo, por que tudo vai acontecendo, e quanto menos pressa e ansiedade, mais feliz é o final de história. Essa semana foi assim, tudo foi se encaixando e não precisamos nos preocupar com nada.

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A história do pneu foi assim: Na quinta feira, depois de duas noites e uma ressaca na Guarda do Embaú, seguimos viagem sentido Ferrugem. Viagem tranquila, curta e com um clima agradável, tudo dentro dos conformes. Paramos num posto para encher meu pneu mas a bomba estava quebrada, então fui ao borracheiro do posto e enchi, mas sem saber quantas libras eu estava colocando. Ok, seguimos. Saímos da pista e pegamos uma estrada de terra pra chegar até a praia, delicia de estrada, morro, vista aérea, bem gostoso. Até que de repente, um estouro muito forte e lá estava meu pneu com um rombo gigante. “Enchi demais”, foi o que eu pensei na hora.  Sempre tive problemas com furos pequenos na câmara de ar, mas um buraco daquele tamanho no pneu eu nunca tinha visto.

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Por um instante eu fiquei chateado, mas não durou mais do que 10 segundos, até aparecer um rapaz dizendo pra eu montar no carro dele por que ele me levaria até a cidade pra arrumar um pneu novo. O que aconteceu foi que o pneu furou exatamente na frente de um restaurante na beira da estrada de terra, ao lado de umas dunas, e pra nossa sorte, estava nesse restaurante um monte de gente boa. Entrei no carro e conheci o figura, o Guto, um cara desses que te deixa a vontade logo na primeira conversa. Fomos até a cidade sem deixar o silêncio abrir a boca. Uma gritaria, história dos amigos, da filha, da esposa, do irmão, das viagens, e tudo isso em menos de 30 minutos, até que ele me disse uma coisa, aquela coisa, que eu tanto adoro: “Pô, se vocês quiserem ficar em casa essa noite, tem um gramado lá que dá pra armar a barraca”. Minha resposta foi curta: “Guto, não convida de novo por que eu vou aceitar”. Pronto, lá estavam os dois com as barraquinhas em mais um quintal. Só um detalhe engraçado: Quando o Guto me levou pra cidade, minha bike foi desmontada dentro do carro dele e na hora de tirar tudo eu esqueci de uma peça um tanto quanto importante: O banco! Pedalei uns 5 km sem banco até chegar na casa deles. Foi só pra confirmar que a gente voltaria, não iriamos negar o convite pra ficar.

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Na casa estavam 13 pessoas, sendo que 5 eram crianças. Pronto, tô rico, já tenho diversão. Aline com o seu filho Pedro, Guto com a sua esposa Jéssica e sua filha Alice, Ju com sua filha Nina, Cíntia com seus filhos Geovane e Ástrid e os que não ainda não tem filhos, Andressa, Pipoca e Horácio, foi um prazer conhecer vocês que nos deixaram tão a vontade, muito obrigado pela força e pelo astral que vocês têm. Uma coisa engraçada também aconteceu nessa casa. Antes de eu ir para aquele festival em que passei o reveillon, eu troquei umas mensagens pela internet com a organizadora do evento, que eu nem conhecia, sobre algumas dúvidas minhas. Cheguei nessa casa e numa conversa com o pessoal, contei que eu fui para o festival, eles disseram que também foram e que a organizadora estava na casa também, a Ju. Pronto, estava na mesma casa da Ju Henriques, que aguentou meus recados chatos e cheios de dúvidas no facebook. Pode parecer meio bobo, mas eu acho o maior barato viver essas coincidências.

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Como retribuição à estadia, preparamos uma macarronada pra todo mundo, jantamos, dormimos, acordamos com um café da manhã fantástico, tiramos a foto, nos despedimos e partimos. Seguimos viagem sentido Farol de Santa Marta. Logo nos primeiros minutos, quando estávamos saindo de Ferrugem, encontramos mais 2 viajantes com as bikes carregadas.  Felipe (Brasil) e Pietro (Suiça), os 2 se encontraram pela estrada e estavam seguindo juntos, mas em sentido oposto ao nosso, por isso ficamos só 20 minutos conversando, tiramos uma foto e seguimos, 2 pro norte e 2 pro sul. Dali pra frente, pegamos bastante chuva até chegar na balsa de Laguna, que deveríamos pegar pra chegar no Farol. Depois da balsa, muita risada na estrada de terra de 16km, que pedalamos até chegar finalmente no farol. Uma estrada cheia de barro e costelinhas. Vou explicar: Costelinha é um apelido pra aquela estrada de terra com ondulações curtas e infinitas. O resultado disso é que a viagem não rende nada, a bicicleta vai trepidando e a bunda vai pulando no banco que nem um pogoboll (sabe?). Sem falar na lama, que jorrava pro alto sem parar. Pra resolver o problema, peguei minhas caixinhas de som, coloquei na bolsa do guidão, assim como fazia o nosso querido e eterno Pemba (um antigo e conhecido andarilho de Araraquara) e botei um reggae pra tocar, em alto volume. Dessa forma, não estávamos apenas pulando que nem tontos na estrada de terra, mas sim, curtindo e dançando um reggae music.

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Chegamos finalmente no Farol de Santa Marta, um dos lugares mais lindos que já conheci. Um bico no continente que cria formas diferentes, fazendo com que as praias fiquem distribuídas de uma forma única. Deixando de lado a paisagem, vamos a mais um encontro. Nos primeiros 10 minutos dentro da vila, conhecemos Hugo e Ivan, dois irmãos que estão viajando de bike pela primeira vez, com uma rota parecida com a que estou fazendo com o Deva, um pouco de litoral catarinense e parte das serras catarinense e gaúcha. Conversamos e fomos acampar junto com eles, num camping em cima do morro. Passamos 2 noites com eles no farol, trocamos bastante ideia, dicas de equipamento e roteiro, e por fim, descobri outra coisa que me deixou maluco:

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Dias antes de eu sair de Araraquara com minha magrela, recebi uma mensagem pela internet, de um amigo de Maringá chamado Vitor Catto, dizendo que dois amigos sairiam de bike por ai, pra eu entrar em contato com eles. Com a distração, não conversamos mais sobre o assunto, o Catto não me enviou o contato deles e acabamos deixando o assunto de lado. Mas quem disse que isso seria problema? Pra que conversar com eles pela internet se eles estavam ali, na minha frente, no Farol de Santa Marta. Sim, depois de 24 horas juntos, fomos descobrir que eu era o amigo do Catto que daria a volta na América, e os dois irmãos eram os que sairiam de bike pra uma viagem  pelo sul.

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Depois da despedida, eu e meu parceiro Deva metemos o pé no pedal, só que agora, sentido interior. É o fim da “mamata” do litoral, onde quase tudo é plano, agora o negócio vai começar a complicar, as serras nos aguardam. Paramos na primeira farmácia onde eu comprei um xarope, cansei dos métodos naturais que não curavam a minha tosse que já durava uma semana, me rendi à química. Tomei o xarope e não sabia que nele tinha também antialérgico. Pense num sono, multiplique por 2 e suba numa bicicleta, tente pedalar. Gente, uma hora eu parei a bike no acostamento e deitei, deitei sem dó, larguei o Deva falando sozinho e quase cochilei. Com muita força segui viagem, torcendo pra que se eu dormisse em cima da bike, que fosse pra cair pro lado direito e não na pista. Seguimos até uma cidadezinha e paramos assim que meu pneu furou. Remendamos e fomos atrás de comida. Disseram pra gente que o único lugar que servia comida na cidade no domingo era no salão da igreja e foi pra lá que voamos. Chegamos em cima da hora, a comida não estava mais sendo servida, mas o pessoal da igreja viu a nossa cara de cachorro sem dono e liberou um rango pra gente, e o melhor, nem cobraram nada. Enchemos a pança e fomos pra praça da igreja. Se eu já estava com sono, imagine agora, e foi ali que eu deixei o remédio tomar conta de mim. Dormi na grama, de bruços, sem travesseiro, com a cara no chão, sem medo de ser feliz.

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Acordamos depois de 40 minutos e seguimos, meio que cambaleando mas seguimos. Pedalamos até o corpo pedir arrego, até chegar em Orleans, próximo a Serra do Rio do Rastro, a tão esperada serra que subiríamos no dia seguinte. Demos de cara com o corpo de bombeiros. Eu nem pensei duas vezes, parei e pedi um canto pra gente dormir, sem enrolação, fui direto ao assunto. Liberaram o campo de futebol e foi lá que passamos a noite. O pessoal foi muito gente boa, liberaram um banho e no dia seguinte eu acordei  com uma ótima noticia: O Deva chegou a porta da minha barraca e disse: “Betão, os bombeiros liberaram um café da manhã pra gente, vai logo que a mesa tá pronta”. Nossa, como é bom acordar com uma noticia dessa. Muito obrigado Sargento Nelson Fernandes, João Batista, Luiz Henrique e Renato Bonelli, foi um prazer ser bem tratado por militares.

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Chegamos então ao dia mais esperado da viagem, o dia de subir a Serra do Rio do Rastro, considerada uma das estradas mais espetaculares do mundo. Pra se ter uma noção, ela possui mais de 250 curvas em menos de 40km, de Lauro Muller a Bom Jardim da Serra (onde estamos nesse momento). Do pé da serra até o seu topo, que fica a 1400 metros acima do nível do mar, são 12km. O negócio é tão íngreme, que demoramos exatas 4 horas pra percorrer esses 12km, enquanto que numa estrada comum, podemos fazer até 20km em 1 hora. Foi uma experiência única e inesquecível. Saímos de um calor insuportável e fomos subindo, subindo, e o calor foi sumindo. Chegamos ao topo da serra as 17h30, com um sorrisão estampado na cara e um frio que a gente não esperava. Paramos numa lanchonete, dessas típicas de serra, comemos torta, bolo, café com leite, colocamos todas as nossas roupas de frio e seguimos até Bom Jardim.

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Outra ajuda muito grande que nossos amigos Ivan e Hugo nos deram, foi a dica de onde ficar em Bom Jardim, eles também subiram a serra dias antes e nos indicaram o restaurante Carvalho pra gente pedir ajuda. Chegamos no restaurante, contamos a historia e conseguimos mais um canto. Aqui estamos muito tranquilos, o restaurante fica no meio da serra, como se fosse uma fazenda, sem nada nem ninguém por perto, cercado por uma floresta de araucárias, uma beleza que eu ainda não conhecia. Estamos acampados no pé de um riacho, com uma cachoeira que alimenta o sono a noite e nos dá água pra tomar banho. Além disso, temos uma casinha de madeira com energia elétrica e uma vista sensacional. Agora vou indo, o tempo aqui na lan house está acabando e ainda temos que fazer a compra da janta, hoje é dia de fogueira e comida do Cheff Deva, que esta me ensinando muita coisa.

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Pra finalizar eu quero agradecer mais uma vez ao Deva, que me surpreende a cada dia com o seu espírito de parceria, está sendo uma p… experiência pedalar com ele, uma disposição em ajudar que dá gosto. Formamos aqui uma união onde um dá força pro outro, sempre distribuindo os afazeres, nunca deixando a preguiça abrir a boca. “Betão, enquanto você arruma o pneu eu posso ir ao mercado comprar a janta, depois, enquanto você corta a cebola eu vou limpar minha barraca, assim já vai ter dado o tempo da água do macarrão ferver e enquanto o macarrão cozinha eu posso arrumar o seu tripé da maquina fotográfica que eu prometi, e ai vai dar o tempo certinho de você lavar suas roupas, pode ser?” E assim vamos nos adaptando a qualquer tipo de imprevistos que possam surgir pelo caminho. O ser humano sempre se adapta, a tudo, isso é fantástico.

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Amanhã continuamos a viagem aqui no alto da serra. Daqui pra frente, muita estrada de terra, pedras e sobe-desce, além de que, daqui a alguns dias, finalmente chegaremos ao meu último estado brasileiro, o Rio Grande do Sul.

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Paizão do céu, nem foi preciso citar o Senhor hoje nesse texto, afinal, como que tanta coisa boa poderia acontecer se eu não tivesse a sua companhia?

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Esse texto tá grande né? Obrigado por me acompanhar até o final, espero que tenham gostado.

Um beijo grande a todos!

Beto!

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